O professor e engenheiro Roberto Moraes participou nessa terça-feira (23), de uma roda de conversa no Sindipetro NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) e debateu os impactos do Porto para Macaé.
No encontro, foram abordadas as demandas de infraestrutura da cadeia global do petróleo e disputa corporativa pelos projetos portuários e região. Na conversa, o professor afirmou que é preciso entender as características gerais e os impactos dos projetos do porto no bairro Barreto, em Macaé, que surgiu depois que o terminal portuário da Petrobras na cidade deixou de ser desde 2014, a maior base de apoio offshore para exploração de petróleo do país. “Questionar as razões dos investimentos financeiros no setor serem globais, mas precisarem sempre do território para gerar riquezas. Compreender a realidade do município de Macaé diante do atual desmonte, fatiamento, redução e limitação das atividades da estatal Petrobras em várias de suas bases operacionais. Pensar ainda as razões das dificuldades de se pensar uma maior integração regional para que os municípios colaborem entre si e não permaneçam numa lógica concorrencial. Assim, a ideia foi de levantar um conjunto de indagações para a reflexão. Entre elas: Porto por quê? Porto para quê? Porto para quem?”, questionou.
Ainda segundo o professor, a decisão por fechar ou implantar empreendimentos nessa potente cadeia global que é o setor do petróleo, nunca é uma decisão local. As pessoas e as cidades são atingidas. “Dessa forma, a escala dessas discussões é mais ampla. O território e as pessoas ficam na base desse sistema exposto nesse esquema-gráfico sintético”.
Durante a roda de conversa, foram levantadas pelo professor, as boas questões e o debate em torno do tema, que para ele, é complexo e envolver várias dimensões. “Eu não fechei nenhuma síntese sobre as questões que me parecem mais importantes, de permanecer como linhas para o debate, que na verdade não é e nem pode ser apenas sobre o Terpor. É bem mais amplo.
No encontro, o professor apresentou slides, com as questões:
Macaé para quem?
1 – A questão em 3 Dimensões:
– Política (Gestão e participação);
– Econômica (Petróleo, Infraestrutura e logística: rodoviária, ferroviária e portuária)… Mas a Economia antes de tudo é uma relação entre seres humanos (Kate Raworth);
– Sociocultural (organização comunitária, identidade e movimentos sociais);
2 – O capital é global, mas precisa do território para gerar riquezas, por isso é preciso pensar o global e o local (K financeiro e K fixo), e pensar as pessoas. É preciso equilíbrio!
3 – Como será Macaé após o fatiamento e desmonte da Petrobras-setor de petróleo, IEs e energia privatizadas?
4 – Por que não pensar numa maior integração regional ou supramunicipal? Uma nova governança colaborativa e não concorrencial?
5 – Há uma disputa por narrativas – Espaço mental: Porto para quê e para quem?
6 – É preciso pensar Macaé e a região para as pessoas. De que adiante Macaé ser polo nacional de gás natural, energia e ter centralidade como polo intermediário e crescer sem reduzir as desigualdades?
7 – A cidade pode ser melhor “com as pessoas” e num projeto acordado.
A palestra foi transmitida ao vivo pelo Sindipetro NF, por meio do Facebook, com objetivo de divulgar os estudos e as pesquisas que possam contribuir para a ampliação do debate em diversas frentes e dimensões.
Roberto Moraes é engenheiro e professor titular “sênior” do IFF, além de pesquisador atuante nos temas: Petróleo – Porto, Espaço-Economia e Geopolítica da Energia e membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política
Foto: Divulgação/Sindipetro NF