Proposta causa inquietação na sociedade civil e autoridades ambientais por risco à Praia Rasa e ao Mangue de Pedras
Após os estudos do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBH) sobre a proposta de se lançar os resíduos das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) dos municípios da Região dos Lagos no Rio Una, a gestão municipal de Búzios se posicionou quanto aos riscos que a medida pode causar às praias e ao mangue de pedras.
Segundo a assessoria do Consórcio Municipal Lagos São João (CILSJ), os estudos realizados possuem o objetivo de reorganizar os sistemas de tratamento de esgoto para a recuperação da Lagoa de Araruama. Porém, o fato de o Rio Una desaguar próximo à Praia Rasa causa inquietação na sociedade civil e autoridades ambientais.
Nesta terça-feira (25), um debate sobre o assunto foi levantado durante a sessão legislativa da Câmara Municipal pelo vereador Gugu de Nair, que expressou preocupação com o caso.
A Prensa questionou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente sobre o caso. Em resposta, o secretário Evanildo Nascimento contou que tem acompanhado os debates sobre o assunto. Ele explicou que as propostas técnicas consistem na retirada do esgoto das cidades da Região, que é despejado na Lagoa de Araruama, com a possível solução ou de um emissário submarino para Arraial do Cabo, ou uma transposição para o Rio Una.
“O município tem assento dentro do Consórcio e todo o tipo de intervenção ou negociação quanto ao manejo de águas passa por ele. Porém Búzios, por ser o município mais distante da Lagoa, se torna isolado em termos de votação para a solução, nós seríamos a minoria, já que Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Araruama, Iguaba e Arraial do Cabo são cidades mais próximas.
Estamos discutindo o caso e somos veementemente contra qualquer carga maior de efluentes de esgoto no Rio Una, tendo em vista que a foz dele sai próxima ao nosso limite territorial, o deságue ali se espalha até o Mangue de Pedras e até a metade da Praia de Manguinhos”, afirma.
O Mangue de Pedras é um ecossistema de formação ambiental extremamente delicada, e único no mundo, segundo a geóloga e pesquisadora Kátia Mansur. Teve a sua área transformada em APA – Área de Preservação Ambiental, em 2018, mas até hoje aguarda seu plano de manejo.
O secretário reafirmou ser contra qualquer tipo de carga maior de efluentes na costa buziana, por ser uma baía fechada. Ele explica que em Búzios não haveria tempo suficiente de depuração como teria em Arraial do Cabo, onde há mais profundidade nas águas.
“Eles [o consórcio] ainda estão realizando os estudos e dizem ser benéfico para o nosso lado, mas o próprio nome da Praia Rasa já indica que o lado da nossa costa não é muito profundo, então já não é indicativo de um lugar com depuração. Segundo eles, a água sairia com um grau de pureza muito alto, mas nós não queremos pagar para ver. Somos totalmente pró salvação da Lagoa de Araruama, acreditamos que é um bioma muito importante, mas não podemos, a título de salvá-la ou melhorá-la, destruir o nosso litoral e um ecossistema que é único no mundo”.
Ainda nesta terça-feira (25), a Prefeitura emitiu uma nota em que se coloca contra a proposta.