No último mês de outubro, a Prefeitura de Búzios, informou que, a partir das 8h do dia 22, o Hospital Municipal Doutor Rodolpho Perissé iria ter uma triagem em dois postos de atendimentos específicos fora das dependências da unidade hospitalar em questão. O município afirmou que, no Hospital, seriam atendidos diretamente apenas os casos de emergência. No entanto, os meios usados pela prefeitura para se comunicar não parecem ter sido suficiente para informar a população; grande parte dos moradores continua acreditando, alguns compartilhando em redes sociais, que o hospital está fechado. A Prefeitura, entretanto, afirma o contrário: “O Hospital está aberto”.
O que foi afirmado, a gente foi conferir, e constatamos, é que o atendimento de triagem passou a ser realizado no Centro Materno Infantil, anexo à Policlínica de Manguinhos, e no P.U da Rasa. As unidades têm atendimento 24h para urgências e pronto atendimento, ficando o hospital reservado para emergências.
Qual a diferença entre uma e outra
Emergência e urgência são palavras parecidas, mas não é a mesma coisa. No entanto, realmente não é muito simples ao público comum diferenciá-las, mesmo que, principalmente na área da saúde, as duas palavras exprimem conceitos totalmente diferentes – e é o que foi adotado pela Prefeitura de Búzios, e o que está servindo para definir os atendimentos que poderão ser recebidos na Policlínica – P.U Rasa, ou no Hospital.
Usa-se o termo emergência durante uma situação considerada crítica ou um perigo iminente, chamado trauma, como um desmoronamento de terra, um incidente ou um imprevisto, como alguém alvejado por arma de fogo, atropelamento.
Já urgência envolveria febres, dores de cabeça, enjôos, e isso será preciso ir aos postos de atendimento, ambos 24h. Segundo a Prefeitura, nos postos de urgência de Manguinhos e da Rasa, há ambulâncias disponíveis em caso de necessidade de transferência para o Hospital Municipal Rodolpho Perissé. Além disso, todas as unidades de saúde da família também realizam pronto-atendimento das 8h às 17h, de segunda à sexta-feira, de acordo com o município. Dessa forma a Prefeitura afirma atender os moradores de Búzios, os que fizeram o recadastramento, em suas demandas de urgência.
O recadastramento biométrico, que teve início em junho de 2014, foi paralisado, dentro do prazo estipulado. A Prefeitura Informa que em caso de crianças recém-nascidas no município, e novos moradores com endereço comprovado, é preciso ir à sede da Secretaria de Saúde na Estrada da Usina, centro de Búzios, para abrir novo cadastro. Em caso de emergência, a Prefeitura informa que qualquer pessoa pode ser atendida no hospital, seja de outra cidade ou de outro país.
Morte de idoso no inicio do mês
No dia 01 de novembro, a família do Sr. Nélio, de 74 anos, tentou que ele fosse atendido na Emergência do Hospital e lá foi informada, de acordo com os familiares, pela diretoria da unidade, que deveriam seguir o procedimento e levar o idoso para a Policlínica de Manguinhos. Ao final de tudo, infelizmente, o Sr. Nélio faleceu. A família responsabiliza a Prefeitura de Búzios, inclusive entrou com uma ação judicial.
“Acho que é uma injustiça com a população, uma falta de respeito. Trouxemo-lo para o hospital, viemos para cá diretamente, e eles não quiseram atender. Falei do diagnóstico do meu pai, que ele tinha câncer. Ligaram para o diretor do hospital e ele afirmou que deveria seguir o procedimento e levar para a Policlínica em Manguinhos. Não pode ficar esperando, jogar para Policlínica, é uma falta de respeito com um paciente que estava com a barriga inchando, com dores. Quantos vão ter de passar por isso aqui nesse hospital?”, expressou o filho caçula do Sr. Nélio a reportagem da Inter TV em matéria vinculada no dia 17 de novembro.
No entanto, de acordo com a Prefeitura, o paciente de 74 anos foi encaminhado para a Policlínica por seu estado de saúde não ser considerado emergência vermelha (trauma), e não ter sido identificado nada que o colocasse em risco eminente de morte. Inclusive, ainda de acordo com a Prefeitura, ao chegar à Policlínica foi atendido de forma rápida, sendo medicado para cessar suas dores e náuseas, o paciente era portador de câncer de próstata, em situação de quimioterapia, além de hipotenso (pressão baixa), o que estaria ocasionando os vômitos.
Os médicos, de acordo com as informações oficiais, teriam constatado que o Sr. Nélio estava há dias sofrendo de prisão de ventre, o que estava causando as dores abdominais, e que ele mesmo informou que não estava tomando os remédios indicados pelo oncologista. O relato oficial ainda continua informando que após a normalização da sua pressão arterial o paciente foi medicado, com soro especifico para esses casos, para auxiliar na evacuação e em seguida indicado para ser encaminhado para o Hospital pela ambulância. Mas, ainda de acordo com os relatos oficiais, após muita insistência do paciente, este tentou antes fazer uso do banheiro com auxilio de seu acompanhante, e lá voltou a vomitar e perdeu a consciência, o que levou a equipe médica da unidade a tentar reanimá-lo seguido de transporte para o Hospital onde o paciente faleceu.
A família afirma que o atendimento na Policlínica levou cerca de 4 horas e acreditam que paciente já tenha chegado sem vida ao Hospital.
Nota da redação: O Jornal Prensa de Babel está aberto ao recebimento de novas informações de ambas as partes.
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