O prefeito de Rio das Ostras, Marcelino Borba (PV) é investigado pela Polícia Civil do Rio que apura acusação de injúria contra grupo étnico durante discurso em cerimônia de posse no último dia 1º na Câmara Municipal. Na ocasião, ao atacar o serviço prestado pela empresa de energia Enel, Marcelino teria sugerido que judeus são gananciosos e só pensam em dinheiro, estereótipo associado a esse povo.
“Eles (a Enel) ficaram um mês para substituir um poste. E não trabalham de graça, não. São igual judeu. Trocamos lá na Cidade Praiana uns doze postes de madeira. Precisava do poste de madeira. ‘Não, agora tem que vender. É R$ 450,00’. São pior do que judeu, assim! Os caras não liberam nada. Tudo pra eles, querem dinheiro. É uma covardia com a gente”, disse Borba.
O caso foi registrado como injúria por preconceito qualificado, conforme artigo 20 da Lei 7716/89, que dispõe sobre crimes relacionados a discriminação. Um inquérito foi aberto para averiguar a conduta do prefeito e, segundo a delegada Marcia Noeli da Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), o vídeo da fala do prefeito foi encaminhado para perícia e os envolvidos devem prestar esclarecimentos em breve . A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão. O caso será remetido para a Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro de Atribuição Originária (Ciaf) da Polícia Civil, já que o prefeito tem foro por prerrogativa de função.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) reagiu às declarações do prefeito e afirmou que vai avaliar possíveis medidas legais. Em nota, a entidade classificou o teor da fala como “preconceito abjeto usado ao longo dos séculos para perseguir judeus”.
“A Conib, Confederação Israelita do Brasil, repudia a fala do prefeito de Rio das Ostras, Marcellino Borba, e avalia possíveis medidas legais a serem tomadas. Sua fala reflete preconceito abjeto usado ao longo dos séculos para perseguir judeus. E se torna mais grave ainda quando proferida por uma autoridade”, disse.
Citada, a Enel lamentou a fala do prefeito e repudiou “qualquer comentário ofensivo e discriminatório”. Em nota, disse ainda que “possui histórico de atuação e investimentos em Rio das Ostras e sempre se colocou à disposição das autoridades locais para debater e construir em conjunto a melhor solução para os temas de interesse do município”.
A Prefeitura de Rio das Ostras ainda não se pronunciou sobre o caso.
Com informações da Revista Época
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