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Esses dias vi uma reportagem que muito me chamou a atenção, cujo título era: Uma regra de Wall Street para a era do #MeToo: evitar mulheres a todo custo” curiosa que sou, fui ler. E me deparo com um texto pautado em ideias machistas e sexistas. Apesar do conteúdo estar carregado de retrocessos sociais, me trouxe algumas novidades, como a existência do movimento feminista #Metoo. Confesso que para mim era novidade a existência do mesmo.

Depois de ler a matéria e, obviamente discordar de quase tudo, fui pesquisar sobre o movimento #Metoo. Idealizado pela ativista Tanara Burke, o movimento nasce nos idos de 1996, e tinha como principal bandeira a luta pelo empoderamento das mulheres negras. Mas só ganhou expressão e notoriedade em 2017, quando foi Twittado pela atriz americana, Alyssa Milano após uma avalanche de denúncias de abuso sexual contra o produtor Harvey Weinstein, um “bambambã” de Hollywood.
Mas histórias a parte, vamos ao texto! A reportagem trata o fato das mulheres que trabalham em Wall Street, e denunciaram os casos de abuso sexual, e assédio como um problema para elas mesmas. Ou seja, na concepção dos entrevistados, as mulheres estão se prejudicando. Uma vez que as vagas que vierem a surgir nas corporações não serão ocupadas por mulheres, porque elas estão arrumando problemas.
Eles seguem afirmando que, as mulheres passaram a se sentir assediadas, ofendidas e aviltadas com um simples elogio ou com o fato de compartilharem um elevador com um homem. E esse comportamento está prejudicando o mundo do trabalho feminino, uma vez que as mulheres resolveram denunciar seus superiores hierárquicos.
A figura feminina deve ser evitada, afirma a reportagem, pois as mulheres andam “loucas”, (só faltou dizer que a histeria piorava nos períodos menstruais). De acordo os “lobos” de Wall Street qualquer coisa é motivo de denúncia. Simples palavras, olhares, gestos ou proximidade física passou a ser encarada como assédio sexual pelas poucas frequentadoras desse universo, quase exclusivamente masculino. Uma coisa é certa, as mulheres devem ser evitadas! Ponto pacífico entre os trabalhadores, do sexo masculino, das compahias de Wall Street.
A reportagem me remeteu a um livro que li a um tempo atrás, da jornalista americana Susan Faludi, (Backlash: O contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres), onde a mesma vai falar da existência de uma guerra contra as mulheres só pelo simples fato das mesmas terem conseguido, ou a possibilidade, uma igualdade plena. É como se lhe dessem a “permissão” para que você se inscreva em uma corrida, mas na hora da prova não lhe deixam correr, ou seja, eles dizem que te deixaram participar, mas, na verdade, lhe proíbem de alcançar a linha de chegada.
Esses fatos nos evidencia isso, porque, como bem mostra a reportagem, as mulheres são minorias nas companhias e menos presente ainda nos altos escalões das corporações. Então, colocar a culpa nas mulheres por elas não aceitarem mais serem desrespeitadas, é uma estratégia no mínimo medíocre. O problema é que o machismo joga baixo. Os homens, claro que sei das exceções, não querem aceitar a ideia de que nós mulheres somos competentes e tão capazes quanto eles.
Esse contra-ataque, me apropriando dos conceitos da Faludi, mostra o desespero de um grupo que insiste em manter os seus privilégios. Essa ofensiva disfarçada do machismo contra as mulheres, porque é isso que os figurões estão fazendo, atacando e culpando as mulheres ao invés de mudarem o seu comportamento.
Estão acusando as “vítimas” e se vitimizando. Denuncia o quão forte ainda é o pensamento conservador e machista, que encontra adeptos de todas as classes e idades e nacionalidades. A reportagem falava da sociedade americana, mas infelizmente, essa é uma realidade, ainda, muito comum na esfera corporativa mundial.
Sendo assim, só nos resta ocupar Wall Street again! Ou seja, ocupemos todos os espaços corporativos. Não nos calemos diante do abuso de poder, do assédio ou de qualquer desrespeito no ambiente de trabalho ou qualquer outro espaço. Mulheres de todo o mundo, uni-vas!

 

Renata Souza é Bacharel e licenciada em Ciências Sociais, Mestre em Sociologia Política e Professora de Sociologia e Filosofia do Ensino Médio e Técnico.

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Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

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