Luiza Barbosa
Num pequeno povoado das Asturias, chamado San Martín del Mar, conheci a família de um amigo muito querido. Bebemos sidra regional, comemos fayuela, queijo e alimentamos as galinhas com pão. Tudo precioso – comida, bebida, companhia – mas Dona Alicia estava triste e queixava-se da falta dos vizinhos, que tinham saído do povoado para “ganharem a vida”.
Da sidra, de um produtor médio local, que não se comparava com a de antigamente, elaborado pelo amigo ao lado. E do leite com que fizera as fayuelas. Era ralo, sem consistência. Muito diferente do leite asturiano produzido ali no quintal de casa. Agora, dizia seu filho “uma vaca tinha mais documentos do que uma pessoa” e decifrar toda essa burocracia fazia dos grandes produtores ainda “mais grandes” e dos pequenos, “mais pequenos”. Até sucumbirem, ou migrarem.
Cuidar de tudo – da qualidade dos alimentos, da não contaminação dos produtos, do campo – e de todos – gente, de carne, mente e osso – é mesmo urgente.