Os rumores da saída de Daniela Carneiro do comando do Ministério do Turismo ganharam força nos últimos dias, trazendo preocupação a representantes do segmento no estado. De saída do União Brasil, Daniela passou a ter o cargo ameaçado, dado que a pasta faz parte da cota do partido, dentro da correlação de forças políticas que dão base ao Governo Federal no Congresso.
Alheio à costura em Brasília, o Conselho Estadual de Turismo divulgou uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último sábado (10), pedindo pela permanência de Daniela, que também é esposa do prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro.
“Reafirmamos nosso apoio à permanência da ministra, que ocupa uma das principais pastas da atividade econômica do Brasil, hoje, com uma relação profícua e atuação de diálogo permanente com o trade turístico do Rio de Janeiro. Consideramos a escolha da ministra Daniela um acerto, que traz consigo elementos simbólicos nesta nova fase do turismo brasileiro”, diz trecho do comunicado.
Em Armação dos Búzios, cidade que tem no Turismo o seu carro-chefe, o desenrolar da crise é acompanhado com apreensão. O temor é que haja perda de espaço e prestígio com a saída de uma representante fluminense do ministério. Na opinião do secretário municipal de Turismo, Cristiano Marques, a saída da ministra seria um “retrocesso.”
“Recebo essa notícia com muita tristeza por um conjunto de fatores. Pelo fato de a ministra ser carioca, radicada no Rio, com uma vasta experiência da política e que, em pouco tempo, vem fazendo um excelente trabalho no Ministério do Turismo, com transparência, criando sinergia com o trade, principalmente com o trade do estado do Rio. Tive o prazer de conhecê-la na WTM em São Paulo, onde trocamos informações e experiências. Ela se mostrou totalmente aberta ao diálogo e em contribuir com nossa região e, claro, com Búzios”, destacou o secretário, com exclusividade para Prensa.
No setor privado, a questão também é vista de forma crítica. O presidente do Convention & Visitors Bureau de Armação dos Búzios, Márcio Arouca, acredita em perdas para o estado e para a região com a saída da ministra.
“O Rio de Janeiro vem perdendo espaço a cada ano na importância para o turismo nacional. Ter um ministro do turismo do estado está sendo fundamental para avançarmos em pautas como por exemplo a revitalização do aeroporto e captação de eventos e congressos. A perda dessa representação por questões políticas é muito ruim para o país e principalmente para o Rio de Janeiro. Cabe ao nosso trade pressionar o Executivo e o Legislativo mostrando a importância da continuidade da gestão da ministra Daniela Carneiro”, disparou.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Armação dos Búzios (Sindsol), Thomas Weber lamentou a situação, destacando o inédito contexto favorável de lideranças do estado na gestão do turismo brasileiro.
“Acho uma grande perda para o Rio de Janeiro se isso vier a ocorrer. Nunca antes tivemos essa situação de um alinhamento de um presidente da Embratur (Marcelo Freixo) ser do Rio de Janeiro e a ministra também ser do estado, ainda mais sendo uma ministra de uma cidade do interior. Então, acredito que seria uma pena para o estado do Rio e seria muito ruim para o segmento porque essas alterações no ministério acabam trazendo alterações nas políticas públicas que estão encaminhadas. Se reiniciam várias coisas, vários projetos perdem a continuidade”, acredita.
Polêmica já na chegada
A permanência de Daniela Camargo à frente do Ministério do Turismo foi colocada em xeque desde o início do Governo Lula. Ainda no começo de janeiro, acusações de que o grupo político da ministra e de seu marido teria ligação com milicianos da Baixada Fluminense aumentaram a pressão pela sua saída.
À época, Daniela negou qualquer envolvimento com ações ilícitas de grupos paramilitares. Seu então partido, União Brasil, também saiu em sua defesa. Passada a crise inicial, a pressão diminuiu, e a ministra conseguiu manter-se no cargo até o momento.