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Conecta-se a consciência para se perceber como alguém vivo dentro de uma estrutura social que nos diz que tá tudo errado, ou quase. O que seria esse erro? Entenda que o que podemos fazer para realmente impor outro modelo de vivência, está além da técnica, dos dados e das comprovações a olho nu. Até porque a estratégia atual é negar as distorções, negar aquilo que deixa muitos na margem e poucos no controle.

Podem até negar, mas qual seria nosso contraponto? Qual pode ser nossa reação, antídoto e mudança a selvageria reinante? O que faz um deputado rasgar um cartaz com uma crítica direta ao Estado Democrático de Direito chamado Brasil, um cartaz que mostra o estelionato dos nossos dirigentes diante ao não cumprimento dos parâmetros básicos da Constituição?

Por que hoje um deputado diz que existem mais negros no suposto mundo do crime de forma livre e direta, numa tribuna legislativa? O que faz uma pessoa atirar numa moradora de rua após a mesma pedir dinheiro? O que faz alguém distribuir bebida envenenada a moradores de rua? O que faz um policial atirar a esmo num suposto suspeito que carregava uma esquadria de alumínio e o tiro acertar uma menina de 8 anos?

O que faz uma pessoa ser presa, sem provas, mesmo comprovada a sua inocência, apenas porque se legitima que um depoimento de um agente de estado possa ser suficiente para prender ou soltar alguém? O que faz tentarem a todo jeito amenizarem o fato de uma vereadora da cidade que foi capital do Brasil durante um grande período da nossa História, ter sido assassinada, junto com seu motorista, no centro dessa mesma cidade em um horário de movimentação constante de transeuntes?

Não temos todas essas respostas na ponta da língua? Por que não temos? Entenda a nossa consciência como capaz de responder essas respostas ou outras que estão dentro nosso cotidiano e essas respostas servirem de instrumento para inibição dos agressores, deputados, assassinados e agentes do Estado.

Todos esses com a perfeita noção de nossa fragilidade atual. Fragilidade na organização, fragilidade no conhecimento e sua difusão, fragilidade nas ações pra se frear o ataque sistemático contra o nosso povo. Nossas redes de solidariedade e de cooperação foram pulverizadas e o resultado é nosso achatamento programático.

Somos excedentes do colonialismo. Somos aqueles que não são mais escravos, que sabem da técnica, que dominam a ciência e o argumento e que questionam o Estado de Direito e a sua omissão diante do tratamento diante dos nossos. Nós gritamos, esperneamos, escrevemos, compomos sobre a política de extermínio, eliminação, isolamento dos nossos.

Nossa rede capenga não dá conta e o ataque físico e psicológico é cada vez mais intenso e desesperador. E estamos atomizados, pulverizados e estão nos jogando numa zona cinzenta. Zona cinzenta de perda de movimento. E assim vamos? Essa deveria ser nossa consciência negra. Porque diante de selvagens que tem o poder e querem nos eliminar, pensar algo além disso é pedir pra desistir…

*Fabio Emecê é ativista antirracista, professor, mc, poeta e selecta

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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