De Macaé a Cabo Frio há impressão de cinco nomes de quadros da política regional que estão se projetando para a esfera estadual
O ex-presidente Lula, que é o pré-candidato à presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), participou, nesta quarta-feira (30), do “Encontro Internacional Democracia e Liberdade”, que lotou a Concha Acústica Marielle Franco, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Com uma grande participação de artistas, intelectuais, além, é claro, de políticos do PT e também dos chamados partidos da “Frente Progressista”. E mesmo com a presença, também, da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), lideranças europeias e da América Latina, como a vice-presidente espanhola, Yolanda Diaz, o ex-presidente espanhol José Luis Zapatero, e políticos colombianos e chilenos, foi Lula o centro das atenções. Alguns políticos do interior do estado, que começaram a alçar vôos para além de seus municípios, participaram e narraram suas impressões sobre o evento e sobre o próprio Lula.
“O discurso de Lula foi muito bom, e, como já era esperado, tocou diretamente nas grandes questões do país nesse momento dramático. Mas penso que o mais forte foi justamente perceber uma unidade de discurso entre os presentes, o que reforça a ideia de uma frente progressista envolvendo diferentes partidos e setores da sociedade como única forma de trazer de volta o país para rumo de desenvolvimento econômico e social que vinha experimentado antes do governo Bolsonaro”, comenta Danilo Funke, que começou sua vida política em Macaé, chegando a ser vereador e vice-prefeito na cidade, e já foi do PT. Hoje no PSD, é pré-candidato a deputado estadual.
A cidade de Macaé, na Região Norte Fluminense, marcou presença forte com representantes para além de Danilo. Marcel Silvano (PT), que foi vereador por dois mandatos no município, e que também é candidato a deputado estadual, chegou bem perto de Lula. Ele, que iniciou sua formação política na juventude católica, está no PT desde então e, mesmo que em alguns momentos tenha considerado estar em outra sigla, busca ampliar seu espaço estadual por dentro.
“De tudo que foi dito, Lula e eu concordamos em muitas coisas, mas vale o destaque em três pontos: primeiro não dá para fazer política querendo sempre ser unanimidade. É preciso ter lado, deixar sempre claro aquilo que acredita. Em segundo, é o fato de que o Rio de Janeiro é central nessa disputa eleitoral que já bate à porta. E precisamos eleger Marcelo Freixo governador. A terceira coisa é que talvez essa seja a eleição em que o voto dos deputados é tão importante quanto a escolha do presidente da República. Construir essas candidaturas é fundamental. ”, comentou.
Vindo de Macaé também havia Igor Sardinha (PT), que foi também vereador e concorreu a prefeito nas últimas eleições municipais, mas hoje é secretário de Desenvolvimento Econômico em Maricá, na Região Metropolitana, em uma atuação de muito êxito, o que o tem projetado para além de sua região de origem. Igor não é pré-candidato nessa eleição. Opinou de forma mais ampla sobre a força do encontro:
“Momentos como esse tem o poder de nos encher de energia para o grande trabalho de reconstrução desse país assolado pela fome, miséria, desemprego e inflação nas alturas. Vamos juntos, progressistas e democratas, recolocar o país no caminho do desenvolvimento econômico com justiça social, exatamente como o Lula já demonstrou que é possível fazer”, opinou.
Coube a Rafael Peçanha, recentemente filiado ao PT, representar Cabo Frio no “Encontro Internacional Democracia e Liberdade”. Ele foi vereador e candidato a prefeito do município, e é pré-candidato a deputado federal.
Olha, o que seu viu aqui foi um grande encontro democrático e um sopro de esperança para o futuro próximo do nosso país. É preciso destacar o reitor da Universidade, Ricardo Lodi, e a toda equipe pela organização e condução do evento histórico”, conta Rafael, que desde a juventude foi ligado ao PDT, e buscando espaços para seu crescimento como político fez movimentos por diferentes partidos até chegar ao Partido dos Trabalhadores.
Em seu discurso Lula enfatizou que a lesividade de uma causa para se manter firme no caminho tanto do ativismo, quanto da política partidária. Mas o tom subiu mesmo quando tocou abertamente nas questões que envolvem o governo de Jair Bolsonaro, a que chamou de fascista:
“(O Bolsonaro) é tão frágil, tão boçal, que como ele não tem partido político, não tem hino, programa, ele pegou a blusa da seleção, a bandeira da seleção, pegou para ele. (…), mas a blusa e a bandeira não são desse fascista”.
De Danilo, buscando ampliar seu espaço político no estado dialogando com outros setores em um partido pequeno, mas com metas ousadas; passando por Marcel, seguindo o caminho já experimentado em uma tentativa anterior de concorrer a vaga para Alerj; tendo no meio Igor, vivenciando o compromisso de sua função administrativa no momento; chegando até Rafael, tentando crescer ao mesmo tempo para fora de seu município e dentro de um partido grande e já com muitos nomes consolidados na sigla, percebe-se o discurso afinado de que na esfera nacional há um inimigo comum, Bolsonaro, e há uma única alternativa a combatê-lo, Lula.
Mas também se percebe com a presença dos quatro a mensagem de que uma nova cara de representatividade do interior fluminense, até aqui marcada por lideranças ruralistas, herdeiros de clãs políticos e outsiders do momento, está mudando e tem fôlego para chegar lá.