Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Paulo Melo, Dr. Aluizio , Riverton Mussi, Adrian Mussi, Alcebíades Sabino e Julio Lopes. Nomes bem conhecidos da Região dos Lagos e do Norte Fluminense. Ex-governadores, prefeito, ex-prefeitos, e deputados federais e estaduais que estão sendo acusados por executivos da Odebrecht de terem recebido propina da construtora.
Os processos contra eles foram enviados à Procuradoria Geral da República. No entanto, como não são políticos com foro privilegiado, esses processos envolvendo os políticos do interior serão destinados à Justiça Comum, que vai avaliar se eles serão ou não investigados.
Macaé
Em macaé, Renato Medeiros afirmou que a Odebrecht pagou propina ao grupo político do prefeito, Aluízio dos Santos Júnior, o Dr. Aluízio (PMDB), em troca da exploração do serviço de saneamento.
“No caso da PPP de esgoto de Macaé, é um contrato que começou em 2012 e que desde então vem sendo operado pela Odebrecht, é um contrato de 30 anos que prevê investimento e operação do sistema de esgoto de Macaé. Na época, o município era governado pelo prefeito Aluísio dos Santos Júnior. Messa época, a Odebrecht recebeu demanda de contribuição dos senhores Marcos André Riscado de Brito, que na época ocupava a função de controlador do município e de Jean Vieira de Lima, que era um dos procuradores também do município. Essas pessoas se identificaram como representantes do grupo político do prefeito Aluízio e solicitaram contribuições. Não falaram especificamente em valores, levei ao Fernando Cunha Reis e como havia interesse em apoiar o Aluízio nas campanhas, Fernando determinou que estaria disposto a contribuir com valor em torno de R$ 500 mil para o grupo político do prefeito. Esses pagamentos foram identificados pelo codinome Baleia e foram feitos cinco pagamentos. Quatro pagamentos de R$ 90 mil um de R$ 180 mil.”
Os documentos apontam o nome de Dr. Aluízio seis vezes, destacando números que vão de 500 a 1.000. Acredita-se que representem valores de pagamentos calculados entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão.
Ex-prefeito também citado
O ex-prefeito de Macaé, Riverton Mussi e o ex-deputado federal da cidade, Adrian Mussi, também foram incluídos em petições encaminhadas pelo STF ao TRF para abertura de inquéritos. Riverton e Adrian também foram citados em delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht, como beneficiários de pagamentos de Caixa 2 para campanhas eleitorais. Riverton era prefeito quando a Odebrecht venceu a licitação para assumir a Parceria Pública Privada (PPP) do Esgoto. O contrato foi celebrado em 2012, no final de sua gestão. A Odebrecht passou a operar de forma efetiva na cidade em 2013, no primeiro ano de gestão do prefeito Dr. Aluízio (PMDB), ano em que a empresa diz ter iniciado o pagamento de Caixa 2.
Tanto Dr. Aluízio, quanto Adrian e Riverton Mussi negam ter recebido dinheiro da Odebrecht.
Rio das Ostras
Em Rio das Ostras, o delator Renato Medeiros disse que a empreiteira conseguiu fechar um contrato depois de dar dinheiro ao partido do prefeito, o PSC.
“A PPP [parceria público-privada] de Rio das Ostras é um contrato antigo da Odebrecht, se iniciou em 2007, 2006 foi licitação, 2007 comecou o contrato. Essa licitação primeiro tinha uma fase de construção de 2 anos, depois 15 anos de operação. Em abril de 2013, o prefeito era o Alcebíades Sabino dos Santos, do PSC. Ele tinha um discurso contrário à PPP e tinha antes da minha chegada feito algumas ações despropositadas com a intenção de ser contra a PPP. Levei esse tema a Fernando Cunha Reis, meu superior hierárquico, que identificou na presidência do PSC uma liderança que pudesse influenciar positivamente. Fernando definiu e determinou que fariamos contribuições de campanha ao PSC do Rio de Janeiro e com propósito de evitar essas ações despropositadas do prefeito Sabino pra que ele pudesse influenciar essa questão.Fernando determinou que fizesse pagamento ao PSC e que seriam feitos via caixa dois. Foram realizados pagamentos que totalizaram R$ 2.750.000 ao PSC que se iniciaram em agosto setembro de 2013 ate junho de 2014.”
Sabino também nega que tenha recebido dinheiro da empreiteira.
Paulo Melo e Julio Lopes
O deputado estadual Paulo Melo (PMDB) recebeu pelo menos R$ 250 mil da Odebrecht por meio de um doleiro na campanha à reeleição do RJ em 2014, segundo o delator Leandro Azevedo. No depoimento gravado em vídeo, o ex-executivo diz que o pedido foi feito pelo parlamentar, que já recebia caixa dois regularmente em outras eleições. Segundo Leandro Azevedo, deputado tinha apelido de ‘Maria Mole’. Deputado diz que doação foi legal e nega propina.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito para investigar o deputado federal Julio Lopes (PP) por suspeita de ter recebido R$ 4 milhões em propina. A informação veio a partir de duas delações feitas à Justiça por executivos da Odebrecht. Na ocasião, Lopes era secretário estadual de Transportes do Rio. No documento emitido por Fachin, não há explicação de como e quando teria ocorrido o pagamento da propina a Julio Lopes. De acordo com o documento, o deputado federal solicitou, quando era secretário de Transportes, a executivo da Queiroz Galvão “o pagamento de vantagem indevida no contexto de obras atribuídas a consórcio composto pelo Grupo Odebrecht e liderado pela Queiroz Galvão”.
O deputado diz que suas contas foram aprovadas pela Justiça e que confia no trabalho das instituições e se coloca à disposição da Justiça para colaborar com informações que vão esclarecer todos os fatos.
O clã Garotinho
Superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro, Leandro Azevedo afirmou que fez pagamentos milionários aos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, do PR. O também delator Benedicto Júnior já havia dito que o casal recebeu dinheiro de caixa dois.
Segundo Benedicto, que controlava o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, os valores pagos chegaram a R$ 12 milhões. No entanto, Azevedo garantiu, durante depoimento aos promotores do Ministério Público Federal, a quantia foi bem maior: R$ 20 milhões.
A distribuição dessa verba ocorreu em pelo menos três eleições, segundo o delator: duas de Rosinha Garotinho à Prefeitura de Campos, em 2008 e 2012; e uma de Garotinho ao Governo do Estado, em 2014.
A defesa dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho disse que eles nunca receberam qualquer contribuição não contabilizada e que se, a petição chegar a virar inquérito, vão provar que o delator está mentindo, uma vez que não apresentou nenhuma prova do que afirma. A defesa declarou ainda que o casal está à disposição da Justiça.
Com informações do O Globo, G1, e Jornal O Debate ( Macaé)
https://prensadebabel.com.br/index.php/2017/04/07/justica-bloqueia-bens-do-prefeito-de-macae/