Operação “No Fio do Bigode” investiga desvios e fraudes no setor da saúde em Arraial do Cabo, Búzios e outras cidades do estado do Rio
Nesta segunda-feira (9), Polícia Civil realiza uma ação de combate a desvios e fraudes na área da Saúde do município de Arraial do Cabo. A Operação, nomeada de “No Fio do Bigode”, cumpre 12 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em cinco cidades: capital do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, Búzios, Saquarema e São José de Ubá.
Policiais civis de sete delegacias do Departamento Geral de Polícia do Interior visitaram o Hospital Geral de Arraial do Cabo, Hospital de Búzios e endereços de empresas e residências dos investigados, entre eles, uma fazenda.
Segundo a polícia, entre os alvos está o ex-secretário de Saúde de Arraial do Cabo, Antônio Carlos de Oliveira, conhecido como Kafuru, que deixou o cargo há cinco meses.
OPERAÇÃO NO FIO DO BIGODE
A ação faz parte de uma investigação da 132ª DP (Arraial do Cabo), realizada em parceria com o Ministério Público Estadual, que apura fraudes em licitação, irregularidades na contratação, por parte da Prefeitura de Arraial do Cabo, de dois laboratórios de análises clínicas, cobrança por exames que nunca foram feitos e falta de assistência à população. Juntas, as empresas investigadas, que pertencem aos mesmos donos, receberam da Secretaria Municipal de Saúde, nos últimos quatro anos, mais de R$ 6 milhões.
Os investigadores trabalham no caso há seis meses. De acordo com a equipe, descobriram que uma das clínicas recebeu dos cofres públicos, durante um ano e meio, cerca de R$ 2 milhões e meio, apenas por acordo de boca, sem ter qualquer tipo de contrato firmado com a Prefeitura.
De acordo com a delegada de Arraial do Cabo, Patrícia Aguiar, a investigação mostrou que os laboratórios vêm utilizando a estrutura do município como se fosse deles. Apesar de as empresas receberem os recursos municipais para prestarem o serviço, elas vêm utilizando, nos últimos quatro anos, os funcionários da própria Prefeitura para realizar os exames.
“Um dos endereços cadastrados como sendo sede dos laboratórios é o Hospital Geral de Arraial do Cabo. A empresa funciona dentro da unidade, sem pagar nenhum tipo de aluguel pela utilização do espaço ou outra conta qualquer. Além disso, quem faz todo o serviço são os funcionários da Prefeitura. Ou seja, elas recebem as verbas, mas quem paga pelos custos operacionais é a população”, disse a delegada Patrícia Aguiar.
O ex-secretário de Saúde Kafuru também é investigado pela Polícia Civil, em outro procedimento, por peculato e lavagem de dinheiro. Já o dono dos laboratórios, Cláudio Luiz, já tem passagem na polícia por falsidade ideológica e foi condenado, em dezembro de 2019, por fraudar pedidos médicos e simular a realização de exames em favor da empresa Mega Lagos.