Uma pista de surf Flexreef pode ser instalada na Praia de Tucuns, em Búzios. Trata-se de uma estrutura artificial instalada no fundo do mar com o objetivo de uniformizar as ondas e assim possibilitar, de acordo com o projeto, em elevado nível técnico, os esportes sobre ondas como o surf, mas também o kite-surf, wind-surf, standup-surf e outros. Anuncia-se também a capacidade do protótipo de diminuir o impacto das ondas contra a costa, também ocasionando a engorda da praia, o que evitaria erosão. A Praia de Tucuns sofreu recentemente os impactos das ondas de tempestade ocasionando interdição de construções próximas à costa.
O criador da pista de surf FLEXREEF é o empreendedor MAURO CID, arquiteto da FAU-UFRJ, pós-graduado MBA da FGV, e surfista desde a adolescência. Cid defende que além do interesse turístico o projeto experimental pode servir como Proteção costeira – na engorda da praia. E afirma que não haverá impacto ambiental. De acordo com ele, seria instalada no leito arenoso submerso, onde não há vegetação. A praia de Tucuns serviria de teste para que a estrutura possa ser montada em todo o litoral brasileiro.
“Por ser composto por elementos leves, lonas e cabos, o sistema é sustentável, facilmente removível e transportável. Não tem nenhum impacto ambiental.”, afirma no documento.
O projeto que foi selecionado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj ) recebeu autorização do Instituo Estadual do Ambiente (INEA) em 2009, que renovou a licença em 2014 e também em 2016, recebendo também a autorização municipal dos secretários de meio ambiente, Carlos Alberto Muniz (2014) e Fábio Dantas (2016).
O atual secretário de meio ambiente, Cássio Cunha, preferiu- diferente de seus antecessores, não tomar uma decisão sobre o projeto, mesmo este já constar novamente com renovação de licença do INEA, sem antes coloca-lo em discussão com a sociedade civil.
Nesta segunda-feira (9), de 9h40 às 13, acontecerá na Câmara Municipal de Búzios uma palestra aberta sobre “Erosão e Dinâmica Costeira nas Enseadas do Cabo Búzios” com o professor e geomorfologo Guilherme Fernandez e com o professor e geólogo, especialista em geofísica marinha, Eduardo Bulhões, onde ambientalistas pretendem levantar também a questão da pista surf Flexreef.
Oportunidade para a população, tanto ambientalistas como os próprios vereadores, os pescadores, surfistas, e esportistas em geral, compreenderem a dinâmica costeira em Búzios, o porquê do avanço do mar em Tucuns, Geribá e Peró e ainda tomar ciência do projeto.
Os ambientalistas afirmam não serem contra uma iniciativa que possa proteger a costa da Praia de Tucuns e também gerar fluxo turístico para a cidade, mas reforçam que um projeto como este, mesmo que experimental, não pode ser colocado em prática sem antes todas as camadas da sociedade estarem informadas sobre seu teor e os possíveis impactos ao ambiente.
O projeto tem apoio de grandes nomes do surf brasileiro como Carlos Burle e Pedro Muller e mantém uma campanha de financiamento coletivo na internet desde 2010.
Como se geraria a “onda perfeita”
O dispositivo terá seu volume formado por diversos colchões vinílicos, dispostos lado a lado, e preenchidos com a própria água marinha do local de sua instalação. Estes colchões serão amarrados e interligados por um conjunto de cabos náuticos que por sua vez serão ancorados no leito arenoso submerso por estacas-hélices metálicas. Cobrindo todo o conjunto lonas vinílicas que visariam garantir a segurança dos banhistas e da fauna marinha.
Considerações
Ambientalistas alertam para alguns pontos, de acordo com eles, a serem considerados. Como a indicação dos possíveis benefícios do projeto ao município onde, ficaria claro o fator econômico como objetivo principal. “Points de surf com ondas perfeitas conseguem atrair grande público e trazem diversos benefícios”, diz um trecho da proposta que ainda elenca outros pontos:
• Incentivo ao turismo – oferecendo lazer esportivo de alto nível;
• Geração de comércio – devido a excelente atratividade do produto;
• Geração de empregos – no turismo, no comércio, na hotelaria, na operação do empreendimento;
• Geração de impostos – diretos e indiretos das diversas receitas geradas;
• Inclusão social – Fomento da prática de esportes em todas classes sociais;
• Incremento da ocupação hoteleira – fomento ao turismo;
• Atração de eventos de nível internacional com um alto nível técnico da competição e grande visibilidade;
• Proteção costeira – na engorda da praia;
• Melhora da balneabilidade – segurança do banhista;
Na parte que trata das “responsabilidades Sociais” , ainda de acordo com ambientalistas, abre-se o entendimento que o acesso, para fins recreativos e profissionais da praia, poderia ser cobrado: “Como ação de responsabilidade social, pretende-se liberar o acesso para escolinhas de surf que fazem serviços comunitários de inclusão social”. Algo a ser esclarecido.