Phil Rajzman, tricampeão mundial de longboard, conquistou o segundo lugar no Pacifico Longboard Classic, uma das competições do Duke Kahanamoku OceanFest. Em sua 24ª edição, o tradicional evento– mais conhecido como Duke’s OceanFest – está sendo realizado até 24 de agosto (teve início dia 15), na icônica Waikīkī Beach, em Honolulu, Havaí.
Além da prova solo, Rajzman também competiu na categoria Tandem, ao lado de sua filha Coral Rajzman, de apenas 5 anos, e juntos conquistaram o terceiro lugar. Pai e filha foram os únicos representantes do Brasil nas categorias que disputaram. Neste sábado (23), Coral volta a competir, desta vez na categoria Keiki, voltada para crianças de 3 a 9 anos.
“Na competição solo, consegui passar a primeira bateria com a melhor pontuação, surfando os dois estilos do longboard: clássico e progressivo. Peguei três ondas excelentes, com highscores (maiores e melhores notas)”, conta Rajzman. “Na final, fiquei em segundo lugar. O primeiro foi o Atilla Jobbagyi (Tiller Vision) surfista local. Peguei uma onda boa, mas a segunda não veio. De qualquer forma valeu, foi bem legal. Uma final com todos os havaianos, que conhecem muito bem as condições do mar daqui, onde competem a vida inteira. Foi um prazer enorme”, completa o atleta carioca, que atualmente reside no Havaí.
Rajzman participou da competição poucos dias após retornar do Brasil, onde realizou uma sessão de imunoterapia – fase final do seu tratamento contra o câncer. “A energia fica um pouco baixa para participar, ainda mais de duas competições no mesmo dia. Mas estou muito feliz, sobretudo por estar competindo junto com a Coral.”
Havaí: berço do surfe
Rajzman destacou a emoção de estar competindo no Havaí: “Estar aqui, no berço do surfe, é espetacular. Assim que cheguei à competição, fiquei feliz com o critério de julgamento. O Havaí valoriza o longboard por completo, com manobras progressivas, clássicas, os aéreos e o hang ten (10 dedos dos pés na ponta da prancha). A minha opinião – e a dos havaianos – é uma só: a WSL tentou impor regras californianas para favorecer atletas da Califórnia. Falam em ‘surfe tradicional da Califórnia’, da década de 60, mas o verdadeiro é o que começou a se popularizar na década de 40.” Rajzman integrou a elite mundial do surfe por 25 temporadas, até 2022.
Manobras em dupla: pai e filha
Terceiro lugar no pódio para os brasileiros Phil e Coral na categoria Tandem (Crédito: Arquivo Pessoal)
A categoria Tandem, na qual Rajzman e Coral competiram, é bastante tradicional no Havaí. Nela, geralmente a dupla surfa na mesma prancha, realizando manobras em que o homem levanta a mulher no ar, e ela executa acrobacias. No caso, pai e filha dividiram a prancha.
“Eu e a Coralzinha competimos com uma galera de altíssimo nível, surfistas mundiais, e passamos direto da primeira bateria para a final. Ela arrebentou, mandou muito bem”, conta Rajzman. Esta foi a segunda competição da dupla; a primeira foi em 2023, em Haleiwa, na costa norte de Oahu, Havaí.
Pai e filha já surfam juntos há anos. A iniciativa partiu da própria Coral: “Meus treinos com meu pai são bem legais”, diz a pequena. Segundo Rajzman, os treinos ocorrem duas vezes por semana, mas sempre respeitando o tempo e a vontade da filha. “O mais importante é que ela se divirta. Também temos todo um cuidado com a alimentação dela.”
A dupla entrou na competição sem expectativas, principalmente por estarem enfrentando atletas locais com títulos mundiais. “A gente queria se divertir e fazer uma competição juntos, até para a Coral se sentir mais tranquila quando competisse sozinha na categoria Keiki. Mas acabou que tudo fluiu. Fomos encontrando boas ondas nas baterias e ela foi entendendo como funciona a competição. Passamos da primeira fase direto para a semifinal. O 1º e o 2º colocados avançavam direto, enquanto os demais para a repescagem. Nós passamos em 1º lugar tanto na primeira quanto na semifinal, chegando à final, onde terminamos em 3º.”
“Trabalho muito com a filosofia polinésia nas minhas clínicas, que ensina que o surfe é para todos, independentemente da idade ou nível. O importante é participar”, ressalta Rajzman.
A dupla foi destaque na cobertura jornalística e nas redes sociais locais durante o festival. “É uma experiência muito importante para a nossa família e, sobretudo, para a Coral, que está começando no esporte e já aprendeu a focar, manter a calma e se apresentar bem. Nunca imaginei que minha filha tão nova fosse conquistar esse destaque no Havaí, a terra do surfe. Muito orgulhoso”, finaliza o tricampeão mundial.
Coral está confiante para a competição deste sábado: “Tô sentindo que vou ganhar de alguns piores”, comenta, espontaneamente.
Sobre o Duke’s OceanFest – tem uma programação rica e diversificada, com eventos para participantes de todas as idades e níveis. Além do longboard, há natação em mar aberto, surfe adaptado para atletas com deficiência física, beach volleyball (juvenil e adulto), surfboard water polo, competição de surfe com cães, e disputas entre salva-vidas locais. O festival também celebra a cultura havaiana, com apresentações de hula, música ao vivo e culinária típica. Em parceria com a Outrigger Duke Kahanamoku Foundation (ODKF), os recursos arrecadados são destinados a bolsas de estudo e apoio a jovens atletas e líderes locais. Tradicionalmente, o evento coincide com o aniversário de Duke Paoa Kahanamoku, celebrado em 24 de agosto. Reconhecido como o “maior homem da água que já existiu”, Duke é homenageado com uma variedade de esportes aquáticos que amava, como surfe, stand-up paddle, natação, vôlei e mais.
Sobre Phil Rajzman – Phil Rajzman é tricampeão mundial de longboard: campeão em 2004 (Oxbow Pro) e pela World Surf League em 2007 e 2016. É também bicampeão pan-americano (2007 e 2009) e integrou a elite mundial do surfe por 25 temporadas (até 2022). Carioca, 43 anos, foi o primeiro brasileiro a conquistar um título mundial no surfe de pranchão. Ele compartilha conteúdos sobre surfe e sua trajetória em seu canal no YouTube (@PhilGood21), além do Instagram e Facebook philrajzman.
Phil Rajzman tem patrocínio da @philrajzmansurfboards e apoio da @powerlightsurfboards e @philrajzman_surf_experiences