A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira (18) mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte de um inquérito que segue sob sigilo e investiga a atuação de Bolsonaro em possíveis articulações golpistas e tentativas de obstrução de Justiça.
Durante a operação, os agentes apreenderam o celular do ex-presidente e cerca de 10 mil dólares em espécie encontrados em sua residência. Além da busca, o STF determinou a aplicação de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h), proibição de uso das redes sociais e restrição de contato com outros investigados, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo, o ministro Alexandre de Moraes teria considerado indícios de que Bolsonaro poderia estar articulando um pedido de asilo político no exterior, o que teria motivado a imposição de medidas para impedir uma eventual fuga. A operação também teve como alvo a sede nacional do PL, partido ao qual o ex-presidente é filiado. Em nota, a legenda confirmou o cumprimento dos mandados, mas não deu detalhes sobre o teor da diligência.
A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Celso Vilardi, informou que ainda não teve acesso à íntegra da decisão judicial e que o ex-presidente não foi intimado a prestar depoimento até o momento. A Polícia Federal, por sua vez, informou que a ação foi executada conforme determinação do Supremo, mas não comentou o conteúdo da investigação em virtude do segredo de Justiça.
A ação é parte de uma nova fase das investigações conduzidas pelo STF, Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República (PGR), que apuram a tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022. Desde o fim do mandato, Jair Bolsonaro tem sido alvo de uma série de inquéritos, incluindo os que apuram a invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, a venda ilegal de joias recebidas como presente de Estado e a falsificação de cartões de vacinação.
O caso reforça o cerco judicial ao ex-presidente, que já teve o passaporte apreendido em operação anterior e atualmente está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Novos desdobramentos da investigação são esperados nos próximos dias.