Os petroleiros da Bacia de Campos estão seguindo firmes na greve geral no terminal de Cabiúnas, em Macaé, nesta segunda-feira (19). São 33 plataformas que estão realizando a greve de 48h contra a reforma da previdência, contra corte de direitos e paralisação da Refinaria RLAN da Petrobras na Bahia.
A categoria petroleira segue firme na greve que teve início na noite de domingo, às 23h, com corte de rendição. No Terminal, o sindicato fechou os portões e a categoria se mantém do lado de fora, solidária ao movimento. Bases administrativas e aeroportos receberam atos organizados pelo Sindipetro-NF e movimentos sociais.
Para os petroleiros, as ameaças de cortes de direitos também vêm da própria Petrobrás — entre elas a tentativa de anulação do pagamento das horas extras sobre o Repouso Remunerado, que tem julgamento de Ação Rescisória nesta terça, 20, no Tribunal Superior do Trabalho.
Os petroleiros se somam a várias outras categorias e setores organizados da sociedade nas paralisações e atos contra o desmonte da Previdência e a retirada de direitos. A orientação da Federação Única dos Petroleiros é que os trabalhadores sigam também mobilizados ao longo da terça-feira (20) quando Pedro Parente, presidente da Petrobrás, pretende paralisar a principal unidade de destilação da Rlam, a U-32.
A medida abre caminho para a privatização da refinaria, que, assim como várias outras unidades da Petrobrás, está com a carga de produção muito abaixo de sua capacidade, em função da redução deliberada da participação da empresa no mercado nacional de derivados.
A U-32 produz óleo diesel, cujos estoques nacionais estão sendo substituídos pelos importados, fruto da política de precificação dos derivados que deixou o mercado brasileiro nas mãos da OPEP e vem fazendo a festa das empresas importadoras. Na Bahia, o volume de óleo diesel importado representava apenas 4% do total consumido em 2016. Hoje, já responde por 22%. A Rlam, que em 2014 processava mais de 300.000 barris diários de petróleo, hoje refina cerca de 190.000, o que representa 51% da sua capacidade instalada.
As importações de derivados batem recordes jamais vistos, graças aos gestores da Petrobrás que, deliberadamente, abrem mão de receitas e cortam investimentos nas refinarias, com o objetivo de privatiza-las. Segundo dados de novembro da ANP, 207 milhões de barris de derivados foram importados em 2017, o maior volume já registrado pela agência. A importação de óleo diesel, o principal combustível comercializado no país, cresceu 64% em relação ao ano anterior e já representa cerca de 40% de todos os derivados estrangeiros que chegam ao Brasil.
Além dos EUA, que lideram as importações, vários outros “players” internacionais estão ocupando o mercado nacional, às custas da nossa soberania. É o caso da Rússia e de países do sudeste asiático, como a Cingapura, Tailândia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Brunei, Laos e Camboja (os chamados Asean), que, antes de 2017, não exportavam diesel para o Brasil e agora já são responsáveis por mais de 8% das importações do país.
“Em 2017, foram importados 82 milhões de barris de óleo diesel, frente a uma necessidade de 90 milhões de barris. Ou seja, as refinarias já estão utilizando os estoques para alimentar o mercado interno. Isso é fruto da política de subutilização da produção do parque nacional de refino. Nossas refinarias têm capacidade de atender muito mais ao mercado interno, já que sua produção está se transformando em estoque”, alerta o economista Rodrigo Leão, coordenador do Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás da FUP (Geep).
Assédio aos trabalhadores
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) recebeu denúncia de que a gerência da plataforma P-08, na Bacia de Campos, está assediando trabalhadores em greve a realizarem tarefas na unidade.
Para a diretoria do Sindipetro-NF, esse comportamento antissindical dos representantes da empresa afronta o direito de greve. “É importante que a categoria envie ao sindicato um relato dos fatos a bordo, assinado por todos os trabalhadores”, orienta o coordenador do Sindipetro – NF, Tezeu Bezerra.
“Os petroleiros e petroleiras entenderam o momento que estamos vivendo de mais uma tentativa de golpe com a Contrarreforma da Previdência e mostraram que estão dispostos a lutar e defender a Petrobrás, o Brasil e os nossos direitos”, afirma Tezeu Bezerra.
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