Da redação
Arquiteto e urbanista Octávio Raja Gabaglia, o Otavinho, é criador e defensor de uma norma não escrita, mas que perdurou durante duas décadas, impedindo que a especulação imobiliária tomasse de assalto a antiga vila de pescadores de Búzios.
A história dessa norma que virou “lei” muito antes de ser oficializada, através de projeto de lei do próprio Otavinho quando vereador antes da emancipação politico administrativa de Búzios é também conhecida dos habitantes e veranistas mais antigos. Ao constatar, em 1968, que uma recém-iniciada construção na praia da Armação caminhava para o terceiro pavimento, Octávio chamou o proprietário e tentou convencê-lo da inconveniência do “puxadinho”. Esgotados todos os argumentos, o recém-formado arquiteto resolveu usar da autoridade que o diploma lhe conferia e afirmou categoricamente que o proprietário estava infringindo uma “lei” que restringia a 7,5m a altura máxima das construções em Búzios.
“A ênfase com que proferi as palavras acabou convencendo o proprietário do terreno que concordou em não levantar o terceiro pavimento” – comenta um bem-humorado Octávio. “Não existia lei alguma, nem municipal, nem estadual, nem federal. Era uma tentativa meio desesperada de impedir o primeiro “espigão” na cidade. O próprio conceito de planejamento urbano ainda engatinhava no Brasil. Mas se aquela construção vingasse, não tenho dúvida de que Búzios, tal qual a conhecemos hoje, não existiria.”, conta com tranquilidade o renomado arquiteto. Hoje Búzios é uma referencia pela chamada “lei do segundo andar”.
Ícone de Búzios, a Rua das Pedras tornou-se o retrato do glamour do balneário. Com pouco mais de 600 metros de extensão, é uma passarela que reúne bares transados, restaurantes sofisticados, lojas de grife, pousadas, cafés, galerias de arte, sorveterias, boates. Nesta icônica também há marca de Otavinho: foi calçada pelo arquiteto quando ele era administrador regional de Búzios, “A ideia foi calçar as ruas com bloco de pedra para evitar que os carros andassem em alta velocidade, por se tratar de uma rua de muita movimentação de pedestres.”, disse ao Jornal A Raza em 2012
O cuidado no projeto do arquiteto Octávio Raja Gabaglia fez com que fossem preservadas as árvores nativas da área do Porto da Barra e a recuperação integral de um pequeno mangue onde hoje vivem caranguejos, peixes e até camarões. O projeto de Otavinho transformou um local particular em “espaço público”.
O Xerife, como ficou apelidado pelo jornal O Perú Molhado, ainda tem muito a colaborar pra Búzios. O Prensa acredita que ele precisa ser mais ouvido.
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