Mais uma reflexão sobre as Eleições 2020 em Macaé
Na semana passada (quinta-feira, para ser mais específico) Macaé foi cenário da política típica dos bolsonaristas. O pré-candidato a prefeito que tenta vender a imagem de “candidato do Bolsonaro”, junto com alguns pré-candidatos a vereador, todos do campo conservador, usaram o deputado estadual Felipe Poubel para gravar alguns vídeos ofendendo adversários no pleito eleitoral da cidade. Poubel (por incrível que pareça, tem quem o leve a sério) xingou todo mundo de vagabundo – de moradores do Lagomar a políticos macaenses – e gravou um vídeo para atingir diretamente o pré-candidato do PT à prefeitura, o ex-vereador Igor Sardinha.
A estratégia foi rasteira: soltar o vídeo no dia em que Igor daria uma entrevista, via live, ao jornal O Dia (a quinta-feira, dia 23). As “acusações” do deputado estadual não ficaram sem resposta, e Igor deu o troco através de um vídeo postado em suas redes sociais. No entanto, não entrarei nos detalhes dos vídeos. Sou do argumento de que Poubel tem tanta importância para a política quanto eu tenho para o futebol europeu. Sendo assim, prefiro me ater ao real motivo dos pré-candidatos conservadores terem direcionado sua mira para Igor Sardinha. O motivo é uma outra cidade: Maricá.
As políticas de distribuição de renda de Maricá tem recebido atenção da imprensa internacional nos últimos meses. Para quem não sabe, Maricá é um cidade administrada há 12 anos pelo Partido dos Trabalhadores, e o seu prefeito, Fabiano Horta, com cerca de 70% de aprovação popular, tem a reeleição praticamente garantida. Ainda no início da pandemia de covid-19 e do isolamento social a administração petista não mediu esforços para que nenhum setor ficasse desamparado diante do caos financeiro que se avizinhava. De empresários a desempregados, todo mundo recebeu atenção e apoio da prefeitura. E com a experiência adquirida com sua política de distribuição de renda via uma moeda social local – a mumbuca – , Maricá vem ensinando ao mundo como agir diante desse cenário. E um dos principais responsáveis pelo sucesso destas políticas é justamente Igor Sardinha, que até o mês passado conduzia a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Maricá.
Os pré-candidatos ao Poder Executivo em Macaé sabem disso e sabem que se essa informação chegar a todos os macaenses, terão trabalho para apresentar um projeto que chegue à altura das propostas trazidas por Igor. Maricá, com um orçamento pouco maior que o nosso nos últimos anos, vem fazendo uma revolução silenciosa. Nesta cidade governada pelo PT existe empresa pública de ônibus com tarifa zero, algo que tira o sono de qualquer empresário, deste e de outros setores. Não custa lembrar que uma parte dos pré-candidatos bolsonaristas é de empresários que, apesar de não falarem, tem aversão ao serviço público. As denúncias requentadas gritadas por Poubel em vídeo tentam desconstruir a imagem do pré-candidato que é, de longe, o mais qualificado para administrar a capital do petróleo.
Apesar da campanha eleitoral não ter começado (legalmente), estes personagens já deixaram claro que farão de tudo para fugir do principal assunto de uma eleição municipal, que é: o que fazer para tornar a cidade melhor? E deste episódio do embate PT versus bolsonarismo, uma coisa já ficou clara em relação aos dois pré-candidatos: enquanto um tem a mostrar a experiência comprovada na condução de políticas públicas bem sucedidas reconhecidas internacionalmente, outro prefere trazer à sua cidade um deputado estadual para ficar xingando adversários. Assim, ficará fácil para a população macaense decidir.
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