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Opinião: Ninguém aguenta mais as motos em Búzios

Era pra ser um domingo divertido com show em boa companhia, em um dos espaços mais bacanas da cidade. Até que na altura do mercado Princesa em Manguinhos, uma moto de entregador em alta velocidade levou meu retrovisor esquerdo. O condutor, óbvio, não parou e desapareceu no meio do mar de carros que enfrentamos diariamente em Búzios, em qualquer dia ou hora, no trecho entre a Barbuda e o Largo do Ceceu.

No ímpeto de raiva ainda tentei seguir o motoboy, mas fui convencida a ‘deixar pra lá’, já que o trânsito em Búzios está desse jeito e “ninguém aguenta mais”. Paramos em frente à farmácia, compramos um rolo de esparadrapo e emendei o resto de retrovisor que me sobrou. É até engreçado ver a peça como se fosse um óculos velho remendado, o segundo que perco em menos de um ano.

Mas não é engraçado, é revoltante, a sensação de impotência e de que não há solução para o problema me acompanha a cada saída simples para ir ao supermercado. Não é que a Prensa não tenha feito matéria com dados de acidentes, salientando a falta de guardas municipais na via, com fala da Prefeitura e tudo que uma reportagem precisa, já fizemos. Mas não adianta, é o meu sentimento hoje.

Quem já não viu consternado condutores empinando suas motos sem qualquer constrangimento em locais de grande circulação como o Porto da Barra, ou que teve que sair para a direita porque uma buzina ensurdecedora vem crescendo conforme a moto se aproxima sem diminuir a velocidade. A buzina é pra avisar, sai que o corredor é nosso. E é mesmo, nas duas mãos, todo dia, disputando um espaço quase inexistente.

São vários os fatores que nos trazem até aqui. O excesso de gente e de carros na cidade, a falta de emprego que empurra as pessoas para a informalidade das entregas, que precisam ser muitas e rápidas para que o trabalhador garanta um salário digno, a falta de civilidade e respeito às leis de trânsito que nos acompanham nos últimos quatro anos, durante um governo que incentivou a imprudência, a diminuição do contingente de guardas municipais nas ruas e a impunidade.

Esse último é o pior, quando um cara arranca o retrovisor de alguém e sai sem nenhuma punição, ele vai fazer de novo, mil vezes, até atropelar uma criança ou matar alguém. Isso precisa parar.

Eu estou cansada de conversar isso com as pessoas de forma informal e ouvir delas as mesmas reclamações, mil soluções para o problema e pensar que como pode ninguém estar vendo isso, ninguém pensar em uma ação para parar com isso, mudar essa realidade. Quem vai fazer alguma coisa e quando?

O poder público diz que vai licitar o pátio público para recolher as motos, porque segundo eles, sem isso não é possível fazer blitz, não há onde apreender as motos. Mas sobre a guarda não faz sentido não ter pelo menos um guarda nesses três pontos críticos: Barbuda, Porto da Barra e Largo do Ceceu. Só isso já ajudaria tanto, diminuiria essa loucura em muito.

Aceito contribuições nesse meu pensamento, que sei que não contempla tudo que acontece na cidade, até porque eu moro em Manguinhos e falo do lugar de onde meus olhos enxergam. Sei que Cem Braças, Rasa, São José vivem problemas parecidos, e acredito que reunir as insatisfações causa mudanças. Já vi isso antes e sei que vozes reunidas são mais eficazes do que separadas.

Deixo por último uma matéria da Prensa sobre a situação, feita ano passado. Vale a leitura.

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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