As obras da Avenida José Bento Ribeiro Dantas, trecho que vai da Tartaruga à Barbuda, localizada em Armação dos Búzios, tão anunciada pelo governo e esperada pela população, finalmente começaram a cerca de 15 dias e já encontram uma dificuldade. A limpeza do local e posterior troca das manilhas da rede fluvial na área que inevitavelmente receberá o resultado das chuvas – por ser mais baixa, a Vila Caranga, revelaram algo que já era de conhecimento de muitos moradores da localidade. Grande parte da população, apesar da possibilidade de ligar o esgoto a rede municipal, teria ligado à rede de drenagem de água das chuvas que deságua na Lagoa do Canto. O resultado: um ecossistema degradado.
De acordo com o secretário de obras públicas e saneamento de Armação dos Búzios, Paulo Abranches, o projeto das obras de saneamento começou em 2016 e no mesmo período se começou a exigir da ProLagos, concessionária que administra o esgoto municipal, que organizasse uma rede de efluentes na área.
“Para conseguirmos arrumar toda a área é necessário que os moradores liguem seus esgotos a rede coletora Já existente do município e não na rede de manilhas que leva a água da chuva para a Lagoa. Isso é de extrema importância. As pessoas têm que se conscientizar”, explica o secretário.
Abranches também conta que a região de Vila Caranga tem um problema sério por ser um ponto baixo e com o agravante que toda as manilhas responsáveis pelo escoamento de água da chuva estão assoreadas e não veem reparos desde 1985.
“Estamos iniciando o trabalho nessa região. Substituiremos essas tubulações atuais por versões mais amplas. Afinal a cidade cresceu e a população também. Seguiremos as obras até o Alto de Búzios, que é justamente de onde descerá a água da chuva até este ponto da Lagoa. Fizemos planos para impactar da menor forma possível os moradores, comerciantes e turistas”, comentou Paulo Abranches.
O secretario ainda conta que para reduzir os impactos nos moradores e comerciantes a obra será feita de maneira diferenciada, as tubulações serão bifurcadas e em vez de passarem pelo centro da rua, passarão por baixo das calçadas. “Isso vai reduzir o impacto do trânsito. O final da tubulação será o mesmo, porém será colocado um ‘T’ para dividir a passagem dos dutos”, explicou.
Segundo o secretário de obras públicas e saneamento, a parte de drenagem da região deve ser concluída até o início de dezembro de 2018.
Questão ambiental da Lagoa do Canto
É muito preocupante que esgoto esteja sendo conduzido até a Lagoa do Canto. Segundo a arquiteta, ambientalista e moradora de Búzios, Denise Morand, o problema é antigo, pois essa situação acontece há mais de 10 anos.
“Muitos moradores não entendem que é a rede de drenagem e a de esgoto são diferentes e servem para coisas diferentes. Então ligam na rede fluvial mesmo. Fora aqueles que ainda usam a fossa, já que ligar o esgoto à rede demandaria de obras que a pessoa não pode custear. É necessário um projeto de conscientização e informação. Quem sabe até uma ajuda de custo”, pondera a arquiteta.
Denise explica que seja qual for a resolução para o problema ela tem que vir em breve, porque a situação ambiental do município é séria. “A Lagoa do Canto desagua na Praia do Canto e de lá na Praia da Armação, que está cada vez mais poluída. A poluição da lagoa está reduzindo a população de capivaras, de jacarés, os peixes estão desaparecendo, a gigoga* se prolifera porque se desenvolve cada vez mais em um ambiente poluído e contaminado. É preocupante. Temos que prestar atenção! ”, alerta a ambientalista.
*Gigoga-planta aquática que se multiplica aceleradamente na presença de altas taxas de matéria orgânica.
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