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Por *José Carlos Alcântara

Reprodução

‘A nova classe média não estava preparada para gastar o dinheiro que conquistou. Ela investiu só no supérfluo e foi engolida pelo olho exploratório do mercado de consumo.’
Desde a criação desse termo e da sua aplicação, há 53% de brasileiros enquadrados no perfil de classe média, sendo que 21% desses, passaram a integrar a chamada nova classe média nos últimos dez anos. É considerado parte dessa classificação, o cidadão que ganha a partir de R$ 1.734,00, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Para traçar um perfil identificando a cobertura desse termo, foi feita uma pesquisa que ajudou na construção e na consolidação dessa nova classe média brasileira no imaginário da população. Para isso, se mapeou a utilização do termo nova classe média.

A expressão apareceu pela primeira vez em 2007 e, desde então, tem figurado incessantemente na imprensa. Para se explicar sua aplicação social, enfatizou-se a teoria de que: ‘as pessoas tendem a incluir ou excluir dos próprios conhecimentos, o que a mídia inclui ou exclui do próprio conteúdo’. Com uma veiculação crescente desse termo na mídia em geral, a população passou a considerar essa informação como sendo válida, e até mesmo a acreditar na existência de uma nova classe média.

Na primeira fase, iniciada em 2007, é quando é chamada de tese governista. Esse grupo ainda era tratado com uma certa descrença e o tema não era usado corriqueiramente. Em 2008, há uma segunda fase, com a cobertura classificada pela tentativa de uma compreensão do fenômeno, em que se explicava que se tratava de uma nova classe média. A partir de 2009, assumiu-se de fato a existência do grupo e o termo chegou a outros cadernos que não os de economia (mercado), que eram os que mais empregavam a expressão. Dessa forma, houve uma consolidação gradativa da existência dessa classe, e isso pôde ser visto nas eleições de 2010, quando os candidatos tentaram atrai-la como mercado eleitoreiro.

Apesar disso, também houveram críticas à existência dessa nova classe média. Em espaços de entrevistas e em falas de especialistas. Já o discurso contrário, afirmava acreditar realmente na ascensão social de trinta milhões de brasileiros. Mas, os questionamentos giravam em torno de, se deveriam ser considerados como classe média mesmo, ou não. E, desde 2012, reforçou-se o destaque dado ao termo – por se tratar de uma novidade, inicialmente – e reconheceu-se sua validade como sendo de um ator real da economia. “Então, você tem de fato vários setores que vão crescer, por causa desse novo consumidor, desse novo poder de consumo, dessa nova parcela brasileira, que nós achamos que irá continuar na agenda dos jornais e revistas”, afirmava a editoria de uma revista.

‘O governo no passado, se construiu num tripé: BNDES para os ricos, o bolsa família para os pobres e o carro com IPI reduzido para a nova classe média, que não conseguiu manter suas posses, perdeu-as e voltou a andar de ônibus’. Com isso, os problemas estruturais do processo, como a sua efervescência e a aplicação do dinheiro adquirido pela nova classe média, fez : “o poder de consumo aumentar, mas a sua infraestrutura se manteve, não cresceu junto”, e foi em grande parte responsável, pela questionável administração da renda de parte dessa importante parcela da população.


A nossa ‘verdadeira’ classe média, é constituída por pessoas com um acesso privilegiado a um tipo de recurso de extrema importância: o capital cultural. Apenas uma classe média ‘verdadeira’ é que pode ‘comprar’ o tempo livre de estudos de seus filhos, e assim reproduzir os privilégios de sua classe. E, esse fundamento social ‘invisível’, explica não só a renda como o diferencial, mas também o reconhecimento social atrelado a isso.


A chamada ‘nova classe média’ – faixa com uma renda mensal familiar entre 1.734 e 5.672 reais, no entanto, tem uma vida completamente diferente dessa que foi explicitada. Ela vive um cotidiano marcado pela ausência dos “privilégios de nascimento”, que caracterizam as classes médias altas e altas, pelo seu extraordinário esforço pessoal, pela dupla jornada de trabalho e pela super exploração de sua mão de obra. É a classe mais explorada, a que mais trabalha e a que menos garantia tem. Nas profissões autônomas, chegou inclusive, a ser inoculada pela ideologia de que era livre e de que seus participantes eram empresários de si mesmos.

Qual é o projeto político do novo governo? Vamos apenas comprar mais, ou pensar em questões essenciais, como a formação dessas pessoas? Se queremos que a criação de uma nova classe média seja sustentável, teremos de entrar na questão profissional. Sem uma educação de qualidade, essa classe não conseguirá sustentar a sua ascensão social. No momento da crise em que estamos vivendo, os primeiros a perder o emprego, foram justamente seus trabalhadores pouco qualificados. Tudo o que restou da nova classe média, é o pesadelo que a população brasileira está vivendo agora… O sonho acabou!

*José Carlos Alcântara é diretor do Instituto Informa e representante da instituição no Estado do Rio de Janeiro. É colunista da Prensa

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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