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O Reúso da água como fator de crescimento e sustentabilidade

[vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]por Camila Raupp e Cecília Isaurralde

A relação entre saneamento, saúde e meio ambiente vem sendo objeto de preocupação em estudos e palestras mundiais, agravados pelo crescimento populacional dos grandes centros urbanos. Pesquisadores demonstram que, cada vez mais, a criação de políticas sociais que englobem estes três setores se faz estritamente necessária para o equilíbrio do planeta e para evitar a escassez, já que, numa população global de sete bilhões de pessoas, cerca de 2,5 bilhões vivem em regiões com insuficiência de água, número que deve saltar para 3,5 bilhões até 2025.

Búzios-RJ pode passar a usar a água de reuso na agricultura familiar

O saneamento figura pacificamente entre os pesquisadores como um agente de promoção de saúde, visto que locais com estruturas adequadas de abastecimento de água, esgoto, limpeza pública, manipulação correta de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais tendem a registrar menores índices e inclusive a não registrar determinadas doenças e epidemias.

Em busca de alternativas no combate à escassez de água e ao mesmo tempo no alcance de água potável e saneamento para todos, o reúso da água figura como personagem importante na ação de crescimento e sustentabilidade mundiais. Reúso é o termo que denomina a reutilização da água, que pode ser aproveitada para o uso original ou destinada para usos secundários, como limpeza de ruas, jardinagem, limpeza industrial, na descarga de banheiros ou lavagem de automóveis, por exemplo. Nada mais é que o reaproveitamento de águas anteriormente utilizadas, qualquer utilização que não seja primária se constitui, portanto em reúso.

Chamada internacionalmente de Política de Conservação e Reúso de Água, os países vêm aderindo à utilização racional do recurso hídrico. Em 12 de dezembro de 2011, o Ministério da Saúde publicou a Portaria MS 2914, dispondo sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de qualidade, já trazendo orientações para a atividade de reúso.

Classificam-se de três maneiras a utilização de reúso das águas: Indireto Planejado – efluentes depois de tratados em corpos aquáticos superficiais ou subterrâneos, e de maneira controlada; indireto não-planejado – quando a água é decorrente de alguma atividade humana, descarregada no meio ambiente e novamente recolocada, de forma diluída, não intencional e tampouco controlada; e direto planejado – quando a água é direcionada diretamente no local do uso.

Andrea Barbosa, técnica ambiental e servidora da UFRJ, acredita na utilização da água de reúso como um das soluções para o crescimento sustentável dos países e explica: “A água de reúso pode ser aproveitada para os mais diversos fins. No ambiente urbano pode ser usada nas irrigações de campos de golfe e quadras esportivas, locais paisagísticos, torres de resfriamento e sistemas de ar-condicionado, lavagens de parques e cemitérios, nas descargas das residências, lavagens de veículos, recreação e brincadeiras infantis, na limpeza de tubulações e certamente na construção civil, que já é bem utilizada. Aqui na Região dos Lagos a água de reúso é usada para sistemas decorativos como espelhos d’água, chafarizes e fontes luminosas”. No meio ambiente, o reúso costuma auxiliar no aumento do fluxo da água, represas e lagos, e lagoas estéticas, em que a população não adentre.

Infográfico

Há diversas técnicas de reúso utilizadas para a remoção dos compostos orgânicos de alto peso molecular e salinidade. Estão entre elas: a membrana de nanofiltração, membrana de osmose reversa e troca iônica. Para a desinfecção, utiliza-se o ozônio, UV, CI2, CIO2 e ácido peracético. “Na Região dos Lagos, o fator da redução da salinidade é extremamente importante, pois existem sais em alta concentração nas nossas águas” completa Andrea.

No planeta, 95% da água doce encontra-se no subsolo, diante disso, o reúso tem servido também como estratégia para recarregar artificialmente os aquíferos. As grandes construções escavam cada vez mais buscando água, evidenciando o problema da demanda ser maior que a oferta e produção. A recarga artificial com água de reúso aumenta a disponibilidade e armazenamento.

A água de reúso também pode ser aquela advinda dos esgotos, inclusive sendo esta a forma mais utilizada no Brasil e no mundo. É o tratamento da água de esgoto que se transforma em água reutilizável, ideal para a limpeza de ruas e parques, por exemplo. Especialistas avaliam que essa água tratada poderia substituir até 40% da água utilizada hoje nas residências, mas para isto se faz necessário o investimento numa rede dupla de abastecimento de água, paralelo ao já existente de água potável, para que a água tratada no reúso chegue aos lares.

O processo de modificação da água – Divulgação

“Considero a utilização da água de reúso uma saída inteligente principalmente para os países que se encontram em desenvolvimento, para que cresçam de forma sustentável. Esta amplia a potencialidade e crescimento nos setores agrícolas, industriais, urbanos, meio ambiente e na recarga de aquíferos. É a união da redução de custos com a política de ecologia e preservação do meio ambiente. Uma combinação perfeita” conclui Andrea.

A água final pós tratamento apresentada nos laboratórios da Prolagos

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Brasil- Dados sobre consumo de água 

O setor agrário consome hoje cerca de 70% da água no Brasil. Levando-se em conta a escassez hídrica que atravessa o planeta, o reúso aquático aparece como uma alternativa da maior necessidade. A água devidamente reutilizada pode ser aplicada, com segurança, para alimentos que não sejam processados industrialmente, inclusive àqueles que se consomem crus; alimentos processados comercialmente na irrigação superficial de pomares e vinhas; recursos não alimentícios como pastos, cuidados de ornamentação, fibras e grãos. A água de reúso atua também no combate às geadas.
Na região Sul do Brasil, principalmente, estima-se que sejam utilizadas mais de 30 mil litros diários de água de água de reúso nas lavouras de arroz, ajudando a diminuir a pressão de retirada nos mananciais da região e favorecendo o abastecimento para a população nos mais diversos fins.
O consumo da água em ambiente industrial representa 20% do gasto hídrico do país e mais da metade desta não recebe nenhum tipo de tratamento. Se levadas em conta as altas despesas que as empresas possuem com taxações de água, o reúso se apresenta de maneira sustentável e economicamente inteligente e lucrativa.
Entre os benefícios ambientais do reúso aquático estão a redução dos componentes industriais que eventualmente são lançados na água, contribuindo para uma melhor qualidade das águas de áreas que fiquem próximas a redutos industriais. Evita-se também a alteração das águas subterrâneas e superficiais, o que contribui também para o bem-estar ecológico do planeta, isso sem citar que disponibiliza a água para utilização da mesma em setores fundamentais, evitando a falta de água em algumas regiões.
Na economia, o reúso da água coloca o Brasil em conformidade com as medidas internacionalmente aceitas de preservação ambiental, com a imagem de um país ecologicamente chamativo e atrativo para os produtos brasileiros no mercado internacional. Na estrutura empresarial, a redução das despesas com o gasto de água possibilita o crescimento e aumento da competitividade das corporações. No âmbito social, a prática do reúso estimula novas oportunidades de negócios e a geração de novos empregos.

O Reúso da Água como alternativa de crescimento sustentável na Região dos Lagos

ETAR da Prolagos

Desde 2013, a Prolagos, empresa responsável pelo abastecimento de água na Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro, utiliza a Estação de Tratamento de Água de Reúso (ETAR) que trata do efluente (esgoto tratado) que vem da Estação de Tratamento de Esgoto localizada em Armação dos Búzios e a água submete-se a um polimento, passando pelas etapas de tratamento já citadas acima. A ETAR é única na Região e produz mais de dois milhões de litros de água de reúso por mês, o equivalente a 200 caminhões-pipa.

Na primeira etapa, o efluente passa por filtros de areia, que fazem a remoção inicial dos resíduos. No segundo estágio, é realizado o polimento dos efluentes através das membranas de filtração. Nesta etapa, chamada de ultrafiltração, as membranas com poros, cujo tamanho é 100 mil vezes menor que um milímetro, removem sólidos suspensos, algumas bactérias e vírus. O processo do tratamento é finalizado com a osmose reversa, sendo este o último estágio de filtração por membranas. Nesta fase, ao atravessar os micróporos, cujo tamanho é de um milhão de vezes menor que um milímetro, são removidos os sólidos dissolvidos, como sais, outros vírus e bactérias, que não foram retirados na etapa anterior. Após estes processos, se obtém água doce com características similares à água potável.

A Feira Periurbana de Búzios é o local de escoação da produção do agricultor familiar de Búzios que poderia utilizar água de reuso

O produtor orgânico Sérgio Cunha, possui um sítio em José Gonçalves, Armação dos Búzios, e utiliza água reaproveitada e tratada em galões domésticos, proveniente principalmente da captação de águas das chuvas. Sérgio usa água guardada em um talvegue de mais ou menos 500 mil litros,e admite ser um grande incentivador para que o reúso da água seja utilizado em larga escala: “Aqui na Região dos Lagos a escassez de água é um problema desde a época dos índios tamoios. A água mais nobre poderia ser destinada para fins residenciais e a água de reúso para lavagens de ruas, parques e as lavouras da região” sugere Sérgio, expositor na Feira Livre Periurbana de Búzios.

Na cidade de Armação dos Búzios, parte da água produzida pela estação atende, diariamente, o campo de golfe, parceria entre a Prolagos e a iniciativa privada.  São cerca de 40 mil litros de água de reúso por dia, utilizados para a irrigação da grama que, por ser diferenciada, requer uso de água com alto nível de potabilidade. Em função de parceria selada entre a Prefeitura de Búzios e a Prolagos, os jardins públicos do município também são irrigados pela água proveniente da ETAR.

O caminhão-pipa,com água de reúso, já atende a irrigação em dias alternados das praças e jardins de Búzios, como a Praça da Ferradura, ciclovia de Manguinhos e o trevo da Barbuda. Uma das metas, propostas pelo Prensa, é que a parceria entre a Prolagos e a Prefeitura de Búzios, se estenda à destinar um caminhão pipa que fizesse o atendimento à incêndios urbanos com esta água, evitando o desperdício de água potável, já tão escassa. A Região dos Lagos está em constante crescimento e desenvolvimento, e passa por longos períodos de seca, anualmente, gerando constantes focos de incêndio, causando danos à fauna e a flora local e pondo em risco a vida humana. A utilização dessa água excedente, pode se tornar um dos trunfos do município no combate aos danos constantes ao meio ambiente. Tornando-se um modelo para a região e para o estado.

Em Búzios, somente no ano de 2017 ocorreram cerca de três a cinco incêndios por semana no mês de setembro.

Diante da escassez de água proveniente da má utilização, poluição, contaminação e grande concentração de pessoas nos centros urbanos, crescimento demográfico e problemas climáticos, tem-se que todas as medidas para economizar água devem ser tomadas e a água de reuso é uma delas. Da mesma forma que a cultura da economia de água e de rejeição ao desperdício precisa ser fomentada, a reutilização da água também é importante pois contribui para a manutenção dos recursos hídricos, diminuindo o consumo de água potável e a quantidade de esgoto lançado nos rios.

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BIBLIOGRAFIA-
– DE GARCIA, Luis Antonio Villaça. FILHO, Kamed Zared. PORTO, Mônica Ferreira do Amaral. PORTO, Ruben La Laina. Reúso da água .Escola Politécnica  da Universidade de São Paulo .Departamento de Energia Hidráulica e Sanitária . 2007.
– MANCUSO, Pedro.Reúso de água, sua importância e aplicações. Aspectos conceituais, técnicos, legais e de Saúde Pública. Portal Tratamento de água. 2013.
– CUNHA, A.H.N et al. O reuso de água no Brasil: a importância da reutilização de água no país. Enciclopédia Biosfera. Centro Científico Conhecer, Goiânia/GO, vol.7, n.13, p. 1225-1248, 2011

– PENA, Rodolfo F. Alves. Água de reúso na agricultura. Brasil Escola. 2018.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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