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José Carlos Alcântara é consultor empresarial e Assessor da Presidência da ACRJ Associação Comercial do Rio de Janeiro

 

José Carlos Alcântara é consultor empresarial e Assessor da Presidência da ACRJ Associação Comercial do Rio de Janeiro
José Carlos Alcântara é consultor empresarial e Assessor da Presidência da ACRJ Associação Comercial do Rio de Janeiro

Os profissionais de comunicação não têm só o direito, mas sobretudo o dever de manter a população sempre bem informada. É importante lembrar que a liberdade de um começa quando a do outro termina, então a liberdade da imprensa deve existir com ética, sem desrespeitar o espaço e os direitos alheios. Não se deve divulgar uma informação sem antes apura-la precisamente, porque qualquer repercussão pode fugir do nosso controle, seja ela negativa ou positiva. A afirmação falsa sempre é muito mais forte do que qualquer direito de resposta que possa haver.

 
O Dia da Liberdade de Imprensa no Brasil, foi comemorado no dia 7 de Junho. Essa liberdade é relacionada ao direito que qualquer profissional de mídia tem de fazer com que as informações circulem livremente, pois esse é um pressuposto acima de tudo da democracia, regime político que norteia o nosso país nos dias atuais. A censura, contrária a liberdade de imprensa, é comum aos governos que funcionam como ditaduras, limitando a mídia em prol de seus próprios interesses.
 

Se muita gente acredita que a imprensa tem hoje um poder absoluto sobre a sociedade, orientando e formando a opinião pública, isso se deve sobretudo ao papel decisivo que ela desempenhou na guerra mantida pelos Estados Unidos da América contra a Espanha, em 1898. A história assegura que a influência da imprensa foi determinante para que aquele conflito ocorresse, a ponto de se afirmar que aquela experiência teve uma contribuição muito importante para se legitimar o conceito da imprensa como quarto poder, com que certas publicações periódicas passaram a ser vistas logo após a revolução francesa.

O mau relacionamento já se arrastava há anos entre essas duas nações e o ponto central do desentendimento eram as colônias de ultramar mantidas pela Espanha no mundo. Foi então, que a imprensa norte-americana começou a fazer uma sistemática campanha anti-espanhola, detonando um conflito bélico que ficou conhecido como a Guerra Hispano-Americana e se desenrolou entre abril e agosto de 1898, colocando em jogo o futuro destino político de países como Cuba, Porto Rico, Guam e das Filipinas.

Na raiz desse conflito, os correspondentes estrangeiros mais qualificados foram enviados a cada uma dessas colônias em disputa, com uma clara instrução: levantar tudo que os espanhóis estavam fazendo e informar à redação. Se o que eles faziam era mau e perverso, tanto melhor. Mas, quando esses correspondentes lá chegaram, ao contrário do que esperavam, estava tudo muito calmo. Tanto assim, que um deles enviou um telegrama avisando que onde ele estava a calma era tamanha, que a probabilidade de um enfrentamento estava muito longe de ocorrer.

A curta resposta do chefe de redação não demorou a chegar e foi imperativa: “Envie-me apenas suas ilustrações que eu encenarei a guerra.” Quem escreveu isso, foi um dos mais respeitados homens do mundo das notícias. Ninguém menos do que William Randolph Hearst, o criador da imprensa marrom, cujo lema era: “Eu faço as notícias”. Ele era uma figura muito controvertida nos meios jornalísticos da época e serviu de modelo para o célebre personagem Charles Foster Kane, retratado por Orson Welles no filme Cidadão Kane.

As ilustrações a que Hearst se referia, eram os simples desenhos que os correspondentes deveriam lhe enviar. Mas, não mostrando o que os espanhóis faziam, e sim o que o chefe esperava que os espanhóis fizessem. Logo em seguida, começaram a surgir os esboços dos desenhos de soldados espanhóis torturando mulheres inocentes por suspeitarem que elas eram espiãs. Adicione-se à criação desses factóides, a publicação de uma carta enviada pelo embaixador da Espanha ao presidente dos Estados Unidos, William McKinley (1843-1901), que vazou no New York Journal. Nessa carta, o embaixador insinuava as suas dúvidas quanto ao fato das declarações do presidente não serem confiáveis, pela fama do mandatário ser conhecido como sendo um “político fraco e populista”.

 

A partir desse momento o desfecho se acelerou e, apesar de ambos os governos evitarem o conflito, a imprensa o instigou. Quis o destino que um barco norte-americano explodisse perto de Havana. E, antes mesmo que esse acontecimento fosse esclarecido, a imprensa informou que os responsáveis pela explosão eram os espanhóis. Mas, incrivelmente os governos de ambos os países nada fizeram, ainda que a situação se mostrasse tensa. Foi quando os jornais começaram a anunciar então com um grande estardalhaço: “O povo patriota defende o uso das armas”.

Pressionado pela imprensa e pela opinião pública, no dia 25 de abril de 1898 o presidente McKinley declarou a guerra que transcorreu durante 3 meses de hostilidades. Os mortos se contaram aos milhares. Mas, os exemplares dos jornais vendidos chegaram a milhões. Como resultado, a Espanha perdeu as suas últimas possessões coloniais. E nascia então, o mito da imprensa como o quarto poder.

Vivemos atualmente numa outra época e, apesar de não haver a menor semelhança desses fatos com os que ocorrem hoje no Brasil, nem tampouco a imprensa daqui ter de longe sequer todo esse poder, era de se supor que os nossos leitores, dispondo de tanta tecnologia e de tantas informações obtidas através da internet, pudessem estar muito mais bem informados do que eram no passado. Mas, as descrições dos fatos que determinam os acontecimentos históricos atuais, parecem ficar cada vez mais obscuras e, nosso entendimento sobre a origem dos embates políticos que afetam a vida de todos nós torna-se a cada dia mais confuso, a ponto de concluirmos que estamos agora mais do que nunca sendo governados pelo quarto poder. 

Por José Carlos Alcântara 

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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