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A esquerda Henrique Habello de Carvalho com sua filha Marina. A direita nosso amigo Hamber Carvalho com o seu filho Henrique Rabello de Carvalho. Hamber agora é avô.

 

A esquerda Henrique Habello de Carvalho com sua filha Marina. A direita nosso amigo Hamber Carvalho com o seu filho Henrique Rabello de Carvalho. Hamber agora é avô.
A esquerda Henrique Rabello de Carvalho com sua filha Marina. A direita nosso amigo Hamber Carvalho com o seu filho Henrique Rabello de Carvalho. Hamber agora é avô.O Prensa deseja muita saúde e felicidade a pequena Marina!

Por Hamber Carvalho 

Nunca impus ao meu filho o caminho na vida que ele iria seguir, assim como meus pais me deram total liberdade de escolha desde cedo. Abracei o ativismo e a luta social tendo como referência meu pai, um nordestino que veio para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades. Inicialmente ele trabalhou como marceneiro na construção civil, depois entrou para o Departamento Nacional de Endemias Rurais, como mata mosquito, motivo de seu falecimento devido a um câncer generalizado, por contaminação por DDT, ou pó de broca, usada no controle de mosquitos.

Como marceneiro, construiu todos os moveis da minha casa, pois o dinheiro era curto, e nos finais de semana me levava com ele pra fazer biscates para complementar à renda da casa. Estudo nunca faltou para meus cinco irmãos,  e todos na juventude trabalharam para sustentar a casa.

Meus pais sempre apoiaram minha militância sem interferir. Jamais discuti política com meu pai e só fui descobrir que ele tinha atuado na Ligas Camponesas no Nordeste pelo Partido Comunista após seu falecimento, ao abrir um baú de madeira que ele trouxe do Rio Grande do Norte e descobrir a Literatura de Cordel enaltecendo a Luta de Luiz Carlos Prestes. A militância estava no sangue.

Enveredei pela militância desde os 13 anos, também pelo Partido Comunista, me formando mais tarde em jornalismo, no auge do regime militar, o que me custou alguns dissabores e marcou profundamente minha vida, inclusive me afastando do país por uma temporada. Impedido de atuar na imprensa burguesa, parti para o Direito, conseguindo me formar no Instituto Metodista Bennett atuando na Construção do DCE de Direito e, quando formado, ingressando direto nas fileiras do Sindicalismo.

Do meu primeiro casamento nasceu Henrique, um filho que só convivia com seu pai nos finais de semana e pela manhã bem cedo, quando eu não estava de plantão nos sindicatos de Angra, Paracambi, Bananal, arrozal, Itaguaí e outros municípios do interior do estado, e até no município do Rio de janeiro, como no caso dos estivadores e portuários. Mal sabia eu que mesmo sentindo minha ausência de forma bem sofrida, inclusive depois que eu sua  mãe nos separamos, Henrique acompanhava em silêncio meus passos, através dos meios de comunicação, pois pouco conversava com ele sobre meu trabalho.

A decisão de escolher a carreira de advogado foi dele, pois jamais exerci qualquer influência, tanto é que não escolheu o tecido social para operar, tendo optado por trabalhar na área de Direitos Humanos e Cidadania, ainda que as duas sejam afins.

“Descobrir” que Henrique era homossexual nunca me causou espanto nem nenhuma espécie de torpor ou mesmo decepção. Naturalmente me toquei, quando há 5 anos atrás ele levou seu primeiro namorado em minha casa, na época eu morava no Verão Vermelho,  em Unamar (2º distrito de Cabo Frio). Aliás, nunca conversei sobre homossexualidade ou heterossexualidade com ele, assim como meu pai jamais conversou, nem me obrigou a jogar bola pra ser homem, ou me levou num puteiro pra dar a primeira trepada.

Nasci e cresci livre para decidir, e isso consegui transmitir a ele pelos meus gestos e atitudes. Quando Henrique me disse que ele ia ser pai, babei de felicidade, como todo pai se sente num momento destes. O que me causou surpresa mesmo foi a magnitude de sua decisão: Nem produção independente, nem adoção, ele quis um filho que fosse seu. Falou mais alto o instinto de paternidade e seu caráter, fundamentos essenciais na existência de um cidadão, seja homo ou heterossexual.

Até no campo do Direito ele me surpreendeu, pois minha neta vai ter um referencial de pai e mãe, ainda que numa relação homoafetiva entre a mãe dela e sua companheira. A medicina existe pra isso e nada que um instrumento contratual não resolva, com direito ao sobrenome paterno na certidão de nascimento.

Não existe pecado, quando é o amor que prevalece. Não existe sofrimento quando a aceitação é um gesto de nobreza, entendimento e crescimento espiritual. Não existe amargura, quando abrimos mão do preconceito e abraçamos a felicidade. Neste mês em que se comemora o Orgulho, você pra mim é o maior deles. Henrique Rabello de Carvalho, um Homem de verdade.

Hamber é jornalista, advogado e ativista desde a ditadura militar - agora ele também é avô. 

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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