Nos dias 24, 25, 26 e 27 de novembro, das 10h às 22h, Píer Mauá, Armazéns 2 e 3, na Avenida Rodrigues Alves, 10 – Centro, Rio de Janeiro, acontece o evento de cartunistas Gibizeira. No local, diversos desenhistas terão stand para mostrar o seu material. Um dos expositores será o Bonifacio Rodrigues de Mattos, o Ykenga, chargista do jornal Extra e um dos colaboradores do Prensa de Babel.
O Gibizeira é um evento de quadrinhos independentes que além de promover a venda do material pelo próprio expositor, acontecem palestras relacionadas a quadrinhos e exibição de material audiovisual. Incentiva o contato direto do artista com o público, experiência comercial e troca de informações com outros participantes. A entrada é gratuita.
Sobre Ykenga
O cartunista tentou a sorte na charge em 1978, em jornais de sindicatos — e nunca mais voltou à antiga profissão. Ferino em suas análises da realidade brasileira (especialmente aquela em que vivem ele e outros negros), ele teve seu trabalho publicado em periódicos como “O Pasquim”, “Última Hora” e “O Dia”, “O Nacional” e “O Perú Molhado”. Agora Ykenga compila algumas de suas obras mais representativas em “Casa grande & sem sala”, que foi lançado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e quem quiser poderá adquirir na Gibizeira.
— Tinha muitas charges sobre a questão do preconceito racial, mas é difícil conseguir espaço para publicá-las, nem sempre elas cabiam. Fui juntando algumas e resolvi fazer um livro — conta o artista, de 63 anos, que hoje colabora com o “Mais São Gonçalo”, suplemento do jornal “Extra”. — O livro é uma paródia do “Casa grande e senzala”, a bíblia da sociologia, do Gilberto Freyre. Parti para o contraponto, botando o dedo na ferida.
No livro (que tem texto de apresentação de Chico Caruso, cartunista do GLOBO), Ykenga reencena a morte de Zumbi dos Palmares como um auto de resistência, faz a ponte entre os navios negreiros e os camburões de hoje e lembra a “apropriação indébita” da qual os sambistas foram vítimas no começo do século passado:
— São questões que já estão aí há muito tempo. A única diferença entre antes da abolição da escravatura e hoje é que não há mais correntes.