Búzios é um destino turístico que ganhou notoriedade pela exuberante beleza natural. Porém somente esses atributos não são o suficiente para atrair os turistas, vez que o Brasil tem lugares encantadores por todo o litoral. A combinação natureza, cultura e um plano arquitetônico e estilístico próprio, são fundamentais para diferenciar Búzios dos outros destinos turísticos do país.
Basta um passeio pelo balneário para notar que a cidade se distancia cada vez mais do ideal “estilo vila” proposto e traçado, em grande parte, pelo arquiteto Octavio Raja Gabaglia, o Otavinho.
Otavinho é autor da lei que estabelece que as construções de Búzios tenham apenas dois andares, o que permitiu a cidade manter um padrão estilístico e uma escala humana, preservando, entre outras coisas, a visão da paisagem natural.
Alguns atores em Búzios estão, já há algum tempo, discutindo, imagine você, o gabarito da cidade! Ao invés disso deveríamos discutir, exaustivamente, a criação ou ampliação das nossas atratividades e notoriedades e, no caso do gabarito, a discussão deveria partir de uma arquitetura singular.
Pensemos em França, país que se destaca pela atratividade, pela singularidade e pela notoriedade dos edifícios destinados a fins turísticos e de lazer. Pense na escala arquitetonica da cidade de Paris, por exemplo. E se pensarmos no extremo deste ultimo exemplo, nos remetendo para uma cidade turística muito cobiçada e moderna – Nova Iorque – encontraremos, de igual forma, uma escala que abraça a cidade.
Não podemos deixar espaço para que se torne realidade a produção em massa, com pouca criatividade/qualidade, provocada pelo estilo moderno.
No nosso caso, que somos um destino turístico por excelência, deveríamos conseguir exprimir uma representação significativa dos mais importantes valores de nossa cidade. Com certeza a escala arquitetonica é uma das mais impactantes.
Temos que conseguir fortalecer legalmente a defesa da lei dos dois andares e a manutenção do “estilo búzios”. Isso envolve toda a comunidade: os que investem na cidade, passando pela Câmara de Vereadores, o Poder Executivo, e, em especial, o engajamento de toda a população que por fim é atingida direta e indiretamente com a escolha que será feita do conceito de cidade.
Kiki Reis é Consultora em Turismo e Administração, mora em Búzios desde 2012/