Armando Ehrenfreund é um dos mais icônicos empresários de gastronomia de Búzios, não é um empresário apenas, é uma figura que tem sua imagem e atuação estritamente ligada a Búzios. Foi secretário de turismo, na gestão dele que o atual formato do Festival Gastronômico de Búzios, que já está em sua 16ª edição, começou (o produtor Gil Castelo Branco já contou um pouco desta história aqui no Prensa). Armando desde então mantém sempre o entusiasmo, sem perder o senso critico, sobe este que se tornou ao longo desses 16 anos o principal evento do balneário, servindo de referência para eventos similares por todo o estado do Rio e fora dele. Nessa entrevista Armando respondeu as perguntas mantendo seu costumeiro bom humor, simpatia e uma serenidade invejável, sentado em uma das mesas de seu tradicional restaurante na Rua das Pedras, Parvati. Mais apresentações sobre o Armando se tornam desnecessárias, vamos à entrevista
Prensa: Você como empresário participa desde a primeira edição?
Armando: Nós participamos desde o primeiro festival que aconteceu, se não me falha a memória, em 1998 que era como o que existe hoje. Em 1999 o então secretário Isac Tillinger mudou um pouco o formato, só que naquele ano teve uma grande tempestade. Daí acabou ficando sem edições em 2000, 2001, 2002,2003 e 2004. Em 2005 voltamos a ter um festival, mas em outro formato – com o produtor do festival de Tiradentes – era dentro dos restaurantes. Em 2006, eu era o secretário de turismo, e voltamos ao formato original. Todos me cobravam muito um evento e, com o apoio dos outros proprietários e a produção do Gil Castelo Branco, começou o Festival Gastronômico de Búzios como é hoje. Apostamos no charme da cidade e acertamos. É um sucesso de mídia de e público inquestionável.
Prensa: O Festival aquece a economia da cidade em um período ainda difícil que é logo após maio e junho, não é?
Armando: Normalmente a segunda quinzena de julho tem um movimento, até por conta das férias escolares, e na segunda realmente não tínhamos. Já faz alguns anos em que julho chega a ser o terceiro, e até o segundo melhor mês do ano. O Festival com certeza colabora para isso, ajuda a fazer de um mês mediano um mês muito bom.
Prensa: A que você atribui o sucesso que é realmente o Festival Gastronômico de Búzios?
Armando: Búzios tem uma geografia muito boa pra isso, favorável para o formato adotado pelo Festival. Se você vier do Morro do Humaitá até a Rua das Pedras passa por várias experiências gastronômicas diferentes em um pouquíssimo tempo, em um local muito aprazível. Em outra cidades não há uma concentração de restaurantes em uma escala como a daqui e em um terreno que favoreça você percorrer desta forma. Outras cidades podem até fechar uma rua e por umas barracas, mas não é mesma coisa.
Prensa: O Festival está em sua 16ª edição, o que você acha que fez com que se mantivesse por tanto tempo? Visto que tantos eventos de Búzios foram criados e duraram tão pouco, alguns não passaram da primeira edição.
Armando: Vamos começar essa resposta pelo começo (risadas). Perdemos a ajuda de custo da prefeitura já no primeiro mandato do governo do André (prefeito), mas também era meio que o desejo dos próprios comerciantes pela existência de certa dificuldade operacional vinda do fato de ter essa quase que dependência do Poder Público. Havia um constrangimento muito grande, vereadores querendo sempre cortesia, e pressão da prefeitura para mudanças que punham em risco o modelo de negócio que deu certo. É aquela história: quem paga a banda escolhe a música (risos). E então era aquela pressão para aceitar comércios que não se enquadravam na proposta original do evento, essas coisas. Em minha opinião, o Festival Gastronômico de Búzios tem a longevidade que tem justamente porque é uma iniciativa privada. É claro que com o apoio que havia da prefeitura a produção do evento podia contratar mais pessoas, investir em mais mídia. Mas isso tem uma solução, e é uma única solução- não tem plano B, é conseguir um patrocinador máster para o evento. Alguém que realmente invista no Festival diretamente. Porque sem investimento faz com que o produtor tenha de colocar mais participantes, crescer de uma forma que talvez não seja a melhor para que o Festival se mantenha como um evento com as características que o tornaram uma marca: beleza, harmonia estética, um trato mais elaborado dos pratos. Hoje o investimento do festival vem apenas do valor da adesão de cada participante, é difícil.
Prensa: Mas a expectativa é sempre boa, não é?
Armando: A expectativa é sempre boa. Até porque na data do Festival estamos vindo de um período ruim. Maio e junho são muito ruins, então ajuda muito. Essa data do festival logo no inicio de julho caiu muito bem também. Há, claro, a atual situação do país, do estado do Rio, mas Búzios é Búzios, isso é inegável.
Prensa: E o que achou da inclusão da Rasa dentro da rota gastronômica do Festival?
Armando: Acho a inclusão o máximo. No primeiro evento, quando era secretário, incluímos o Raniere lá de José Gonçalves, a comida do pescador. Houve um fato interessante, isso há mais de 10 anos, que é o de alguns buzianos que vieram me agradecer porque puderam levar suas famílias para saborear pratos de restaurantes que nunca teriam ido se não fosse o festival (claro que hoje esse quadro mudou hoje o buziano frequenta os restaurantes com naturalidade. A situação financeira melhorou). Acho que a ideia da Rasa foi excelente. A manutenção do bairro dos Ossos também. O Festival tem que ser isso mesmo, um evento que une a cidade.
Prensa: Sua opinião sobre o Gil Castelo Branco à frente do Festival gastronômico e sua importância no processo de divulgação de Búzios?
Amando: Eu sou um pouco suspeito para falar do Gil, foi eu que contratei o Gil em um primeiro momento. Mas também é importante lembrar que o Gil não caiu de paraquedas no Festival, ele desde 2002 era um tipo de um assessor de imprensa de um grupo chamado Búzios Gourmet, que reunia oito restaurantes que eram os melhores da Cidade. Era o Brigittas, Sawasdee, Café Concerto, Tartaruguinha, Dom Juan, Cigalon, Patio Havana e Parvati. Dos oito, apenas quatros desses a Parvati, Cigalon, Patio Havanam e Dom Juan continuam na ativa na cidade. O Gil é uma pessoa competente e, volto a repetir, se o Festival não estivesse sendo conduzido de forma privada, no caso pelo Gil, já estaria descaracterizado. Porque cada secretário que entra quer deixar sua marca, o que é até normal. Gil é competente e está ligado a divulgação da gastronomia da cidade desde antes do Festival em si. Só o que falta pra mim, volto a repetir, é que falta um patrocinador máster.