Vamos conversar hoje sobre a importância da preservação do patrimônio arquitetônico e, o acesso que possuo no desdobramento do tema por causa do desempenho de minhas atividades relacionadas ao escritório do arquiteto e urbanista, Octavio Raja Gabaglia, me tem deixado muito preocupada com o futuro de Búzios.
Eu tenho uma sala dentro do escritório do Octavio – a esta chamo de ‘meu escritório’ – aonde desenvolvo praticamente todas minhas atuais atividades profissionais. As ligadas à gestão do escritório, no entanto, me servem muito como um termômetro. Consigo saber de quase tudo que acontece em Búzios em algumas áreas, principalmente na área de Urbanismo e Panejamento da cidade, pois tudo acaba chegando lá.
Como muitos devem saber, Otavinho é autor da lei que estabelece que as construções de Búzios tenham apenas dois andares, o que permitiu a cidade manter um padrão estilístico e uma escala humana, preservando, entre outras coisas, a visão da paisagem natural.
Para mim, que trabalho há mais de 30 anos com turismo, é muito clara a importância da escala arquitetônica em um destino turístico.
Tente imaginar a Praia de Manguinhos, Praia de Geribá, Praia do Canto – na verdade, qualquer uma dessas praias – com prédios. Sem os característicos telhados, mas sim finalizadas com lajes. Você consegue fazer esta projeção? Em muito pouco tempo esse balnerário tão famoso iria perder o charme que mantém como destino turístico, que ganhou notoriedade pela exuberante beleza natural. Porém somente esses atributos não são o suficiente para atrair os turistas, vez que o Brasil tem lugares encantadores por todo o litoral. A combinação natureza, cultura e um plano arquitetônico e estilístico próprio, são fundamentais para diferenciar Búzios dos outros destinos turísticos do país.
Ultimamente tenho participado de discussões sobre a importância de resgatar o estilo arquitetônico em algumas áreas de Búzios, como por exemplo para os lados da Marina e Golf, o que traz grande alegria. Mas também participo de conversas tristes, como o relato de construções desenfreadas e completamente fora do estilo, que estão se acumulando para os lados da Baía Formosa, por exemplo. Estas, que vi pessoalmente há pouco dias, estão na cara do gol, de quem passa na estrada para Cabo Frio, nem sequer estão em ruas mais afastadas da via principal!
Aonde está a fiscalização?
Depois de destruído esse patrimônio, não haverá nada mais a fazer… a não ser sucumbir à uma demanda oportunista, pois o municipio pode passar a ser escolhidos, em primeiro lugar, pelo preço das ofertas de acomodação, refeições e passeios. Este será o critério utilizado por turistas para escolher Búzios. E sabe o que vem com essa realidade? Infraestruturas cada vez mais degradadas, salários cada vez piores. Se agora muitas familias já não têm estabilidade econômica, então nem queira imaginar no que esse paraíspo pode se transformar. É o que queremos? Acesse o link e explore as construções da Baía Formosa
Um apelo
Agora, como moradora de Búzios, me coloca junto aos meus concidadãos. Vamos defender o que é nosso! NOSSO MUNICÍPIO! Não deixemos que meia dúzia arrase com tudo. Acreditem, somos muito mais pessoas interessadas em defender o nosso patrimônio arquitetônico do que as que estão empenhadas em só marchar para o lado que der, em curto/médio prazo, lucro. Estes desinteressados no nosso futuro se mudam, se for o caso, para um último e alto andar. E nós? E o futuro de nossos filhos, que está amarrado ao futuro de nosso município?