Trata-se da sua percepção individual para um coletivo minimamente funcional.
Como eu posso sentir minhas dores e ainda assim ser força para um coletivo? É um pensamento dolorido esse, principalmente para pessoas que estão em movimento, que movimentam alguma coisa, ou são inspiração de movimento para outros.
Em tempos de crise percebemos como somos um corpo, seja sendo apoio para amigos e ideais ou para ser apoiado por amigos e ideais.
Complexa a história de ser liberal, nos entendermos como indivíduos com vontades e direitos, e ao mesmo entender e visualizar o outro, por muito abraçar causas e situações que não são suas, muitas vezes, não estamos saudáveis o suficiente para sermos “apoio”, e recebemos “apoio” de alguém que provavelmente não está mentalmente saudável, e mesmo assim continuamos, pois atualmente entendemos que a luta estratégica, requer saúde e entendimento sobre nossas causas e ações, e isso só uma mente saudável pode nos proporcionar.
Como manter-se saudável em meios caóticos e em chamas, perdoem a piada, como o nosso? Depois de longos períodos não saudáveis e entediantes dias sem produzir, eu entendi que o nosso foco está errado, queremos a polarização a todo custo, a esquerda abraça causas, com alguns de seus representantes desconhecendo às mesmas, isso causa uma divisão que faz o extremo conservadorismo ganhar espaço, e até voz, e atualmente um rosto, um líder.
O que saúde tem a ver com com isso?
Pensa o quanto fomos negligentes, o quanto fomos liberais ao ponto de sermos só indivíduos, e esquecermos do coletivo, o quanto ideologias que não representam a realidade, ganharam forças com o “apoio” errado.
A construção saudável só vem por meio de mentes saudáveis. Alguém que defende torturador e violência não se encaixa nesse requisito e o outro lado que deveria se argumentar sobre assuntos, se posicionar para que mesmo no meio de um desgoverno, os nossos consigam se entender, estão mais preocupados em provar que o outro lado está errado, lembrando que estamos no oitavo mês, isso tá mais que provado.
Torno a dizer que na minha juventude, ninguém se importou em me explicar sobre o caos que eu vivo nesse país e quando minha saúde psicológica me obrigou a entender que isso me afetava, eu descobri que até o meio aonde eu estava tinham gatilho explícitos, alguns que eu abraçava até.
No meio atual, ser saudável é resistência, posicionamento é resistência, entender que o coletivo, sim te afeta diretamente, é vital e nos que não votamos 17, somos tão responsáveis quanto os que apertaram confirma, isso é consequência de anos de negligência.
Não colocar dores individuais na frente de uma oportunidade de melhoria para o coletivo, é algo que precisamos aprender. Nem toda crítica é ácida e opiniões divergentes precisam existir, precisamos ter saúde, informação, disposição para que a democracia faça pela maioria e não é o que vem acontecendo. Saúde é sobre se disponibilizar para aprender, e ter paciência ao explicar, pois vivemos em um mesmo Brasil, ou sobrevivemos.
*Talytha Selezia é artista de Cabo Frio.