A violência nas cidades de Rio das Ostras e Macaé tem preocupado os moradores da região. O número de homicídios é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado. Segundo o registrado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) até 18 de julho foram registrados 104 homicídios em Rio das Ostras, quase a metade do número que o órgão registrou no ano de 2017, que foi 195 homicídios.
Em Macaé a situação é mais preocupante. Até julho deste ano foram notificados ao ISP 273 homicídios, mais da metade do número que a cidade quantificou no ano passado, 351 mortes qualificadas como homicídio.
Segundo o comandante do 32° Batalhão de Polícia de Macaé (BPM), tenente-coronel, Rodrigo Ibiapina, a maioria dos crimes tem ligação com a guerra entre facções criminosas e tráfico de drogas.
“Estamos trabalhando diariamente para estancar o índice de criminalidade na cidade e em todos os seis municípios de abrangência do 32° BPM. O trabalho é árduo e tem como objetivo reduzir o número de crimes”, comentou Rodrigo Ibiapina, que enfatiza ainda que o trabalho era para conter os homicídios, mas ainda não conseguiram esse feito.
Para o cientista político, Fernando Ribeiro, a situação na região é um reflexo da falta de investimento em segurança pública em todo o Estado, mas na região de forma específica. “Não podemos culpar apenas a Polícia Militar sobre a sensação de insegurança na cidade. O número de agentes é pouco para atender seis cidades que também sofrem com a falta de políticas públicas. Com esse tipo de carência por parte dos governantes, o índice de crimes acaba aumentando e a perda de controle é inevitável. Uma política de base é necessária, além de programas de atendimento. Foram a atenção ao problema das drogas no âmbito de saúde pública, mas ao mesmo tempo lidar com o fato que o policial está mal equipado, mal pago e mal treinado para fazer o que ele faz. Precisamos valorizar esse profissional ”, enfatiza Fernando.
Em Macaé, de janeiro a junho do ano passado, foram registrados mais 60 assassinatos. No primeiro semestre deste ano o número chegou a 80, um aumento de 65%.
Os constantes confrontos entre facções criminosas pela disputa por territórios para o tráfico de drogas, são, segundo a Polícia Militar, os principais fatores para o alto índice de homicídios na cidade. Para os moradores, que ficam em meio a esse fogo cruzado, a situação é preocupante.
Os confrontos entre traficantes dos bairros Novo Horizonte, Cajueiros, Nova Holanda, Aroeira, Malvinas, Engenho da Praia e Lagomar, já viraram rotina, inclusive até toque de recolher imposto por criminosos nas comunidades e intensa troca de tiros entre bandidos já foram registrados. Outras comunidades também como Morro do Carvão, Favela da Linha, Aroeira, Botafogo e Aroeira, vivem momentos de terror.
Já em Rio das Ostras, apesar dos números não serem tão alarmantes quanto o da cidade vizinha muitos moradores relatam que tem medo de sair de casa depois de escurecer por conta da violência.
A aposentada Maria Cláudia Silveira, conta que evita sair para ir à padaria ou qualquer outro comércio depois das 18h por medo de assaltos ou de outros crimes que acontecem em Rio das Ostras.
“A cidade não é a mesma que era há 10 anos, não é? Não podemos circular na rua com tanta tranquilidade. As coisas estão meio perigosas e fico com medo. Não falo para ninguém quando fico sozinha e tomo sempre cuidado. Mas ando com medo da rua. Até ir aos restaurantes é difícil atualmente”, comenta a moradora de Rio das Ostras.
Enquanto as políticas públicas e mais segurança não chegam, a população continua com medo e vivendo cada vez mais dentro de casa.