Por Caverna
Em agosto/2016 recebi um telefonema da emissora que eu seria um pirata na nova novela das 6:00. Em outubro começou a preparação e cheguei achando que iria arrasar e ser o rei dos piratas e então perguntei ao Vinicius quais seriam minhas falas. Recebi como resposta que se eu falasse alguma coisa eu seria jogado no mar. E então me encolhi no canto.
Depois disseram que eu era a cara do Chay e que eu não seria pirata, mas um marujo. Me deram um escovão e outro para ele, as roupas eram iguais e a única diferença é que ele ganhou o papel principal e eu era apenas um marujo de quinta categoria. Mas em uma coisa eu era melhor que ele, meu escovão era maior. Só que se eu não lavasse o navio, iria apanhar dos soldados.
A viagem começa em Portugal rumo a São Sebastião do Rio de Janeiro trazendo a arquiduquesa Leopoldina para casar com dom Pedro I. No navio estava a realeza, os nobres, os comandantes, os soldados e a ralé, que no caso eram os marujos. No caminho, o navio para numa ilha, onde o Chay vai a uma especie de Bar do Sossego e bebe muito. E fala que esta num navio cheio de riquezas e isso era tudo o que os piratas queriam ouvir.
Dai fomos rumo a salvador. A viagem estava tranquila até sermos atacados pelos piratas que tomaram o navio e nos prenderam. Eles tiraram nossa bandeira de Portugal e levantaram a deles. Num descuido dos piratas conseguimos o navio de volta, com muita luta. Lutamos de espada e para isso tivemos uma ótima preparação com um inglês no qual não me lembro o nome. Valeu muito a pena.
Embora apareça só o cabo do meu escovão é muito bom participar do início de um trabalho que entrará na casa de muitos. Isso é muito gratificante. Gostaria de agradecer ao Lamartine, ao nosso querido Lamas – assistente de direção e ao meu amigo Jota, aos produtores pelo carinho com minha pessoa. Aliás, o Lamas disse que será diretor até 2032 e que irá me dar uma falazinha e é claro que irei esperar.
As vezes as pessoas me perguntam se vale a pena tanto trabalho para apenas um pedaço do meu esfregão aparecer. Dai eu relembro um episódio que ocorreu na minha cidade natal, onde uma pessoa resolveu montar uma peça teatral no cinema ao qual pertencia ao meu pai. Pedi para participar, mas o elenco já estava completo. Mas nem para abrir as cortinas eles me deram permissão. Pelo menos na emissora, eles me deram a oportunidade de mostrar meu simples esfregão antes de fechar a cortina da vida.
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