Sabemos que o Brasil anda de mal a pior desde o desmonte do exercício democrático que se instaurou após a queda da Presidenta Dilma Rouseff, em 31 de Agosto de 2016, a partir de então o que temos visto é um país sem controle e que nutre zelos por extremas oposições. As lutas entre direita e esquerda que pedem a censura em sala de aula, assediam professores contra uma suposta doutrinação dos alunos, que segundo o mesmo é feita para implantar uma “ditadura totalitária” no Brasil e que coloca de modo coercitivo curadores de renome internacional diante de algozes que deveriam estar cuidando das políticas em instâncias maiores. Há movimentos que buscam uma lei nacional sobre o tema, porém a tentativa não tem obtido êxito. No texto do projeto de lei, do projeto “Ideologia de Gênero”, é vetada ao docente a possibilidade de trabalhar temas relativos a sexualidade e questões de gênero, e o absurdo chegou ao nível de se fazer a palavra “Gênero” ser retirada dos planos municipais de algumas cidades e após verificação observou que inclusive o termo “Gênero Alimentício” havia sido retirado. Quando se lança mão de uma escola sem ideologia, já está se promovendo uma ideologia, uma ideologia conservadora, supostamente sem partido, mas o que há por trás disso?.
Tirar das escolas a possibilidade de debates sobre gênero e sexualidade é impossibilitar trabalhos voltados para a promoção da igualdade de gêneros em um país onde tantas mulheres são violentadas. Com um número de 4,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes – um dos mais expressivos do mundo.
A omissão de certos conteúdos não é recomendável pois contribui para o esmorecimento da promulgação de debates importantes para o processo de ensino-aprendizagem que são inerentes para o bom desenvolvimento do educando. Como disse o educador Paulo Freire – Não existe educação neutra.
No dia 21 de novembro de 2017, foi denunciado nas redes sociais, ameaças de morte e outros tipos de violência contra uma docente, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim), grupo de estudos sobre gênero e sexualidade vinculado à graduação de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia. A tentativa de impedimento de defesa de uma dissertação de Mestrado de aluno do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências), onde houve a necessidade de solicitar a segurança da própria Universidade apoio na retirada dos agressores, mas não acabou aí, a perseguição e ridicularização nas redes sociais de projetos de pesquisa e extensão que versam sobre as temáticas de Gênero e Sexualidades tem sido recorrente nos últimos meses.
As pessoas parecem ter perdido a vergonha pela ignorância e desinformação que carregam, por se informarem através do pensamento pronto de outrem, acabam fazendo uso desses para justificar suas próprias agonias e complexidades.
Mas qual o por que de protestos em universidades? A quem isso interessa?
Nas últimas semanas o Banco Mundial recomendou que o governo de Michel Temer elimine a gratuidade da universidade pública, reduzisse os salários dos funcionários públicos e acelerasse a reforma das pensões no Brasil, entre outras sugestões para reduzir os gastos, foi oficialmente divulgado hoje dia 22 de novembro de 2017.
A pedido do governo do Brasil, o Banco Mundial preparou o relatório intitulado “A Just Adjustment”, no qual afirma que o Estado brasileiro usa os recursos que beneficiam a parte mais privilegiada da população, sem reduzir com sucesso a desigualdade e a pobreza.
“O conceito de direitos adquiridos deve ser revisado”, afirmou o relatório.
Entre as receitas recomendadas ao governo brasileiro, a medida que causou maior impacto é aquela que promove a privatização do ensino público superior, revelou o relatório publicado pela agência de notícias privada Estado.
A idéia, de acordo com o relatório do Banco Mundial, é que 40% dos alunos mais pobres que frequentam universidades públicas são subsidiados por seus pares que são os 60% mais ricos.
Estudantes de renda média e alta de acordo com o Banco Mundial devem receber créditos durante seus anos de estudo em escolas públicas e começar a pagá-las uma vez que se formaram, como o financiamento bancário.
“A gratuidade pode estar perpetuando a desigualdade”, afirmou o relatório, que contou com 2 milhões de estudantes em escolas públicas e 8 milhões em escolas privadas.
O relatório argumenta que cada aluno em uma faculdade privada custa cerca de US $ 4.500 por ano, contra os $ 13.000 calculados pelo Banco Mundial que custa “manter” um estudante universitário para o orçamento educacional.
Do mesmo modo, o relatório esclareceu que “esta despesa é muito maior que a de países como a Espanha e a Itália” e que crescem 7% ao ano, o que constitui uma “despesa ineficiente e regressiva”.
Também o relatório “A Just Adjustment” advertiu sobre a necessidade de fechar hospitais médios e fortalecer unidades básicas de saúde e grandes hospitais.
O relatório foi solicitado pelo governo para 2018, ano em que a reforma constitucional do teto das despesas públicas entra em vigor, uma iniciativa global sem precedentes que se bloqueia por 20 anos, apenas atualizando a inflação, o orçamento federal.
Em outra ordem, o Banco Mundial denunciou a desigualdade de salários entre funcionários públicos e privados.
Em média, o relatório manteve, o salário de uma empresa estatal brasileira é 67% superior ao do mercado privado e é por isso que recomenda que reduzir para metade essas receitas geraria economia de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Manter os privilégios é manter uma injustiça. De qualquer forma, recomendamos, abrimos um debate “, disse à jornalista Antonio Nucifora, economista-chefe do Banco Mundial para o Brasil.
O nó do ajuste, de acordo com o funcionário da entidade, é a reforma que o governo promove no sistema de pensões para que o país tenha uma economia potencial de 8,36% do PIB
O relatório recomendou um ajuste fiscal de 5% nas despesas primárias e um aumento nos impostos para o segmento mais rico da população, com taxas de equivalência patrimonial e ganhos de capital.
O Banco Mundial também criticou os incentivos para as empresas e os planos de subsídios industriais desde que “foi demonstrado que eles tiveram pouco ou nenhum impacto na criação de emprego”.
A reforma, de acordo com o relatório, deve ser realizada dentro de um período de mais de quatro anos, ou seja, além do próximo mandato presidencial que surgirá das eleições de outubro de 2018.
Talvez, olhando por cima não vejamos o que está acontecendo, mas como diria Nietsche sobre poetas, penso sobre nossa política, eles “turvam as águas para que pareçam profundas”, mas de fato se observarmos de perto o que há não é lama, nem águas profundas, existe um oceano de águas fluidas e que rendem muito chamada mas alguns não querem que vejamos, a educação.
Por Sara Wagner York
Matérias lincadas:
E se um fascista invadir a minha sala de aula?
https://www.pressenza.com/pt-pt/2017/04/manual-de-defesa-para-docentes/
El Banco Mundial recomienda a Brasil que elimine la universidad gratuita
http://www.nodal.am/2017/11/banco-mundial-recomienda-brasil-elimine-la-universidad-gratuita/
Professora da Ufba é ameaçada de morte por causa de pesquisa
http://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/professora-da-ufba-e-ameacada-de-morte-por-causa-de-pesquisa/