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No Início, havia só Uma Caixa

blankTudo começou na década de 80, com uma Caixa de Ritmos, também conhecida pelo seu nome em inglês, Drum Machine, um instrumento musical eletrônico criado para imitar os sons de uma bateria ou de outros instrumentos musicais de percussão.

No limite, isso significa basicamente, que é possível simular uma “batucada”, a partir da programação de um computador. Todo um conjunto de instrumentos de percussão, desde uma bateria, até um bumbo, podem ser executados por uma única pessoa, e não mais por uma banda, como tradicionalmente nos acostumamos a ouvir, além disso, o encadeamento rítmico de uma música podem ser programados.

A maioria das Caixas de Ritmo são na realidade, sintetizadores (especializados em produzir timbres de instrumentos de percussão), munidas de um sequenciador, que permitem a criação e reprodução de modelos rítmicos, que podem depois ser encadeados de modo a executar toda a parte rítmica de uma música.

É possível inclusive criar ritmos, a partir daqueles que já existem, surgindo assim novas sonoridades. A Caixa de Ritmos abre a possibilidade de transformar a percussão em um laboratório de sonoridades, e por isso, esse equipamento coloca em questão a capacidade de uma máquina executar uma obra musical tão bem, ou em alguns casos, melhor do que um ser humano.

Uma música pode ser não apenas “composta”, mas “montada”, parte por parte, como uma máquina, com partes que se encaixam umas nas outras. Há mais, muito mais a sair dessa caixa.

Por séculos, a “composição” foi cultuada como um esforço criativo do qual só alguns privilegiados com talento, educação e oportunidades poderiam desfrutar. Toda uma mística em torno da “criação do compositor” foi cultuada, entronizada e difundida na Literatura e nas Artes. No entanto, uma máquina como essa colocava a questão de que o “trabalho criativo”, se não poderia ser desmistificado totalmente, poderia pelo menos estar acessível a mais gente do que antes era possível.

A Roland TR-808 Rhythm Composer foi a primeira caixa de ritmos programável, criada pela Roland Corporation nos Estados Unidos na década de 80, uma empresa que construiu toda uma linhagem de instrumentos musicais associados à própria história da música Pop.

Os sintetizadores Roland fizeram parte da ascensão ao estrelato de bandas como, Simple Minds, Depeche Mode, Frankie Goes to Hollywood, entre outras. A caixa de ritmos da Roland foi criada para que os músicos desenvolvessem suas composições, para só depois, entrarem em um estúdio e gravar com instrumentos de percussão de verdade.

Ou seja, a caixa de ritmos não havia sido criada para “substituir” o percussionista, mas sim para que ela servisse de uma ferramenta para melhorar o seu desempenho em estúdio.

Bem, isso em tese, mas as coisas não aconteceram como o previsto. A história da tecnologia está lotada de exemplos em que uma inovação concebida para um determinado uso é subvertida para finalidades totalmente inesperadas, e o caso da caixa de ritmos não foi diferente.

O Roland TR-808 foi apresentado ao público pela primeira vez, em 1980, em uma apresentação da orquestra de Ryuichi Sakamoto. Não se pode dizer que audiência tenha recebido entusiasticamente a novidade, mas fez com outros músicos percebessem que havia ali uma ferramenta de trabalho interessante. Apresentações assim servem de ensaios para os fabricantes, eles nunca esperam que uma inovação seja imediatamente consumida pelo público, no caso, os músicos e produtores.

Mas mesmo assim, as pessoas passaram a usar o instrumento, e aqui precisamos acompanhar o fio desta história, pois ela vai sair dos showrooms chiques, dos cocktails regados à bebida, salgadinhos e drogas, para as ruas das cidades americanas, mais precisamente Nova York.

Tudo bem, muita tinta já foi gasta tentando explicar que o “Funk” Carioca, nada tem a ver com o “verdadeiro Funk”, aquele tornado famoso por pessoas como James Brown, Isaac Hayes, Rufus & Chaka Khan. Mas alto lá, a coisa não é tão simples assim. Se no Brasil, o Funk é fruto da mistura, da assimilação e do sincretismo, nos Estados Unidos, a terra do Funk “original”, aconteceu a mesma coisa.

O Funk americano é um cruzamento do Jazz, do Blues, do Gospel e do Rock, ou seja, ele foi gestado no caldeirão de ritmos que formou a música americana. Quando os músicos de Jazz, no início do século XX, reuniam-se para tocar, as famosas “jam sessions”, havia ali elementos que podemos identificar até mesmo na música brasileira.

Em primeiro lugar, o virtuosismo e o improviso. Uma “Jam”, era na verdade, uma “conversa” de pessoas por meio de seus instrumentos, onde a arte de improvisar e fazer variações sobre um tema. Originalmente, uma “Jam Session” era uma simulação de uma luta, um combate ritualizado na regra de que a demonstração de mais virtuosismo tinha o objetivo de “tombar”, “derrubar” o suposto adversário (to get down).

Em Nova York, “batalhas” ritualizadas de aprendizes de operadores de “drum machines” começaram a fazer parte do cenário e da subcultura de bairros de maioria negra. No início dos anos 80, começaram a surgir personagens como Afrika Bambaataa, e as iniciativas de selos destinados a divulgar estes novos artistas. Tudo isso hoje faz parte da história da Música Pop Contemporânea.

Foi este cenário que os empresários brasileiros encontraram quando passaram a visitar com frequência cidades como Miami, Nova York, Chicago e Los Angeles, em busca de novidades para tocarem nos bailes que animam as periferias do Rio de Janeiro. Há toda uma história densa e ainda desconhecida sobre as conexões desta cultura brasileira, favelada e negra com a sua contraparte americana gestada nas grandes cidades americanas. Já se escreveu sobre isso, mas quanto mais leio sobre o assunto me dou conta que mal arranhamos o verniz de algo muito maior.

Em uma cidade como o Rio de Janeiro, que por conta da escravidão herdou todo um patrimônio imaterial produzido pelo contato cultural entre africanos e brasileiros, o tema do “embate” é presença evidente em manifestações como o Samba de roda e a Capoeira. A ideia basicamente é a mesma, uma luta ritualizada cujo objetivo é “to get down”, “tombar”, um adversário hipotético.

Quando as Drum Machines começaram a ser utilizadas nos bailes de periferia do Rio de Janeiro e DJ’s passaram aprender a trabalhar com elas, surgiu então a possibilidade de uma nova forma de expressão musical, a “montagem”, a bricolagem feita com retalhos de outras músicas. Foi com essa chave de leitura que se iniciou um poderoso movimento de renovação cultural gestado nas periferias do Rio de Janeiro, algo que só muito recentemente está sendo compreendido e principalmente reconhecido. Mas que ninguém esqueça, tudo começou com uma Caixa.

*Paulo Roberto Araújo é professor de História e suburbano convicto

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