Por José Carlos Alcântara
Vivemos tempos difíceis no Brasil. Sentimos falta de líderes fortes e competentes que pensem no país e em melhorias para a população. E, o que mais dói para o cidadão comum, que trabalha arduamente para conseguir uma condição melhor de vida, é a falta de perspectiva, a falta de representatividade e de confiança nos líderes políticos. Os partidos políticos brasileiros possuem uma ideologia apenas de cartilha. Mas, na prática, são todos muito parecidos, ao defender seus próprios ‘interesses’, realizando toda e qualquer manobra para se manter no poder a qualquer custo e garantir a sobrevivência política de seus líderes.
Se existem bons políticos e exemplos de homens públicos, eles desaparecem em meio aos corruptos que entram na vida política apenas para roubar. Assim, restam poucos que realmente buscam conquistas para o povo e não para si mesmos. Isso faz com que a defesa árdua e a fé cega em certos partidos manifestada por fanáticos, pareçam piadas que só mereçam risos e reações de escárnio.
O Brasil tem hoje em dia, o incrível número de mais de 35 partidos políticos. Para alguns, isso é um bom indicador da solidez da democracia brasileira. E, com tantos partidos, era de se esperar que a grande maioria dos brasileiros se sentisse representada por alguns deles. Mas, o que ocorre é exatamente o contrário. Atualmente, há mais de 71% de brasileiros que diz não se sentir representada por nenhum partido político.
A legislação brasileira dá aos partidos políticos anualmente, centenas de milhões de reais através do Fundo Partidário e arca com o custo do tempo de TV – garantias expressas no Capítulo V da Constituição de 1988. Isso significa, que todos os partidos políticos têm um bom tempo de propaganda anual, numa mídia importante como a televisão e, que todos eles, independentemente de representarem ou não eleitores, receberão milhões de reais do orçamento público. Este ano, em plena crise, o Fundo Partidário foi triplicado, com os partidos recebendo milhões de reais do bolso dos contribuintes.
A lei eleitoral estipula que 90% do tempo de TV seja distribuído proporcionalmente ao tamanho da bancada de cada partido na Câmara, enquanto os outros 10% serão divididos igualmente entre todas as legendas registradas oficialmente no país. Quanto ao Fundo Partidário, a lei determina que 95% dele seja distribuído proporcionalmente às bancadas e somente 5% seja distribuído de forma igualitária entre todos os partidos políticos.
Desse modo, o financiamento público é um grande incentivo para criação dos novos partidos, que ganharão milhões através do fundo partidário e terão também um tempo pago na TV, para negociar com os candidatos dos grandes partidos durante o ano eleitoral que concorrerão aos cargos majoritários (prefeito, governador e presidente), em troca de cargos e benesses em futuras administrações ou de ações de apoio nos pleitos proporcionais. É exatamente por perceber essa situação, que muitos eleitores já não se sentem mais representados por nenhum partido político.
Texto de opinião. Não corresponde necessária mente a opinião do Prensa