Confesso que me causou espécie a reação de algumas pessoas para a batalha campal que ocorreu no estádio do Vasco da Gama no último encontro contra o Flamengo, quando o gigante da colina(???) perdeu para seu arquirrival por míseros 1X0. Não sou muito de futebol, mas penso que num jogo de tanta rivalidade, um placar tão enxuto, para qualquer que fosse o lado, não seria nada anormal. Não via anormalidade nem no 7X1 que levamos da Alemanha. Um grupo superior sobrepujar um grupo medíocre é natural.
Para quem estava em Marte e não ficou a par dos acontecimentos um breve relato: fim do o jogo, parte da torcida cruzmaltina passou a arremessar objetos no campo, brigaram entre si, quebraram o que puderam e ameaçaram invadir o gramado. A Polícia reagiu como sempre. Com bombas de efeito moral e gás de pimenta. Os jogadores de ambos os times ficaram acuados no meio do campo e só seguiram para os respectivos vestiários meia hora depois e mesmo assim, correndo, como se fugissem de uma exame de abelhas. No final um torcedor morreu. Mais um.
Não foi a primeira vez que coisa parecida aconteceu no estádio do Vaco e nem será a última. Logicamente a regra vale para todos os estádios brasileiros. E por um simples motivo: futebol é esporte de bandidos. Ao menos no Brasil. Ah Sandro, mas são todos bandidos? Claro que não! Tem gente de índole no meio, mas são poucos, muito poucos. O futebol, apesar de ter regras claras, é aceito como um esporte onde burlar as regras é normal e até esperado. Não fosse assim um comentarista não diria com até certo orgulho que certo jogador “cavou com inteligência o pênalti”.
É! Mentir descaradamente, fingir, enganar o juiz vale se for bem feito. É como se o mesmo comentarista dissesse: O ladrão foi inteligente. Pegou a carteira do incauto e o mesmo nem percebeu. Se um jornalista diz isso, imagine um torcedor comum que geralmente acredita que o importante é vencer o jogo, nem que seja de maneira ilegal. Ao ser informado por um reporte de campo que o gol que lhe deu o título havia sido irregular, um ex-goleiro do Flamengo saiu-se com essa pérola.
-Roubado é melhor.
A frase repercutiu mal, mas não deveria pois 99% dos jogadores diriam o mesmo. Alguns não, mas por covardia de assumir seus princípios futebolísticos. Futebol é esporte de bandidos. Não à toa, os maiores dirigentes do continente estão presos e até mesmo a cúpula da Fifa está enrolada em fraudes e corrupção. Nossos cartolas são lixo da mesma coleta. E como que por osmose, o conceito corrompe todos os envolvidos. Do fiscal da catraca do estádio, passando pelos torcedores, fiscais de campo, juízes, diretores, dirigentes, jornalistas, comentaristas e donos de TV. No Brasil, não existe futebol sem corrupção. Em times de massa, como Flamengo e Vasco, a coisa é pior ainda. O Flamengo, por ter a maior torcida o Brasil tem milhares de simpatizantes atrás das grades. Mas tem goleiro e Diretor também.
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Foto de capa: Agência Estado.