Seis mulheres do Quilombo da Baía Formosa, em Búzios, participaram do projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, uma iniciativa que visa capacitar essas quilombolas na arte da cerâmica. Com o apoio do Instituto Carlos Scliar e da Prolagos, o projeto, que ocorreu ao longo de três meses, buscou promover a sustentabilidade econômica e o resgate cultural da comunidade.
O Quilombo da Baía Formosa, localizado em Búzios, carrega uma história de luta e resistência. Formado por descendentes de escravizados que buscaram refúgio e liberdade, esse quilombo é um centro vivo de tradição afro-brasileira. No entanto, as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos desafiaram a preservação dessas raízes. É neste contexto que surge o projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, uma iniciativa que transforma o barro em arte, e as vidas dessas mulheres em novas histórias de força e independência.
Dona Esila, uma das participantes, compartilhou como a cerâmica chegou à comunidade em plena pandemia, oferecendo não só capacitação técnica, mas também um espaço de convivência e resistência cultural. “Foi uma maravilha começar o curso. A gente se reunia na Casa Carlos Scliar, e ali conhecemos outras pessoas e passamos mais tempo juntas”, relembra.
O projeto enfrenta desafios, como a falta de infraestrutura para queimar as peças de cerâmica de forma eficiente. Apesar disso, as participantes continuam produzindo e comercializando suas criações, vendendo em feiras locais e em um ateliê próximo à estrada de Búzios. Dona Esila explica que, embora seja um trabalho árduo, a cerâmica tem trazido uma nova fonte de renda para a comunidade.
Outro depoimento vem de Dona Maria Casas, que descobriu o valor da argila ao longo do projeto. “Eu pensava que era só barro, mas com o curso aprendi que pode virar copos, pratos e tantas outras peças. Isso trouxe muita alegria”.
A coordenadora do Instituto Carlos Scliar, Cris Ventura, também destaca a importância da parceria com a Prolagos para o desenvolvimento do projeto, que começou com a criação de atividades educativas e se expandiu para a capacitação das mulheres da Baía Formosa. Segundo Cris, o projeto não apenas promove o empreendedorismo, mas também resgata e valoriza a cultura quilombola.
Segundo a Prolagos, a ideia de apoiar o projeto surgiu em 2020, em parceria com o Instituto Carlos Scliar, com o objetivo de fortalecer a identidade cultural das mulheres quilombolas e fomentar o empoderamento feminino através da produção artesanal. “O projeto incentiva a geração de renda por meio da comercialização das peças e está alinhado ao programa Respeito Dá o Tom, que promove igualdade e diversidade racial”, explica a concessionária.
A empresa afirma ainda que, desde o início, o projeto já impactou a vida de mais de 30 mulheres dos quilombos da Baía Formosa, em Búzios; da Caveira, em São Pedro da Aldeia; e de Maria Joaquina, em Cabo Frio. Reconhecendo a necessidade de capacitação contínua, a Prolagos pretende estabelecer novas parcerias para que essas mulheres tenham cada vez mais autonomia em seus negócios e remuneração justa.
“Acreditamos que apoiar o desenvolvimento cultural e econômico das comunidades tradicionais não só melhora a qualidade de vida, mas contribui para a saúde e a preservação do meio ambiente. Além de saneamento, nossa atuação visa fomentar a educação e a geração de renda nas comunidades onde atuamos, como os quilombolas e pescadores”, declara a empresa.
Projetos como “Somos Divas na Luz do Candeeiro” são fundamentais para preservar a história afro-brasileira e gerar oportunidades econômicas sustentáveis. A cerâmica, para essas mulheres, é muito mais do que arte; é um símbolo de resistência e identidade que atravessa gerações, moldado pelas mãos habilidosas das quilombolas de Baía Formosa.