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Mulheres quilombolas de Baía Formosa transformam tradição em arte com projeto de cerâmica

Iniciativa “Somos Divas na Luz do Candeeiro” capacita mulheres do Quilombo de Baía Formosa através da cerâmica, preservando a cultura afro-brasileira
Mulheres quilombolas durante os cursos/ Fotos: Cezar Fernandes, Nathan Freire e Roberta Moraes

Seis mulheres do Quilombo da Baía Formosa, em Búzios, participaram do projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, uma iniciativa que visa capacitar essas quilombolas na arte da cerâmica. Com o apoio do Instituto Carlos Scliar e da Prolagos, o projeto, que ocorreu ao longo de três meses, buscou promover a sustentabilidade econômica e o resgate cultural da comunidade.

O Quilombo da Baía Formosa, localizado em Búzios, carrega uma história de luta e resistência. Formado por descendentes de escravizados que buscaram refúgio e liberdade, esse quilombo é um centro vivo de tradição afro-brasileira. No entanto, as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos desafiaram a preservação dessas raízes. É neste contexto que surge o projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, uma iniciativa que transforma o barro em arte, e as vidas dessas mulheres em novas histórias de força e independência.

Dona Esila, uma das participantes, compartilhou como a cerâmica chegou à comunidade em plena pandemia, oferecendo não só capacitação técnica, mas também um espaço de convivência e resistência cultural. “Foi uma maravilha começar o curso. A gente se reunia na Casa Carlos Scliar, e ali conhecemos outras pessoas e passamos mais tempo juntas”, relembra.

O projeto enfrenta desafios, como a falta de infraestrutura para queimar as peças de cerâmica de forma eficiente. Apesar disso, as participantes continuam produzindo e comercializando suas criações, vendendo em feiras locais e em um ateliê próximo à estrada de Búzios. Dona Esila explica que, embora seja um trabalho árduo, a cerâmica tem trazido uma nova fonte de renda para a comunidade.

Outro depoimento vem de Dona Maria Casas, que descobriu o valor da argila ao longo do projeto. “Eu pensava que era só barro, mas com o curso aprendi que pode virar copos, pratos e tantas outras peças. Isso trouxe muita alegria”.

A coordenadora do Instituto Carlos Scliar, Cris Ventura, também destaca a importância da parceria com a Prolagos para o desenvolvimento do projeto, que começou com a criação de atividades educativas e se expandiu para a capacitação das mulheres da Baía Formosa. Segundo Cris, o projeto não apenas promove o empreendedorismo, mas também resgata e valoriza a cultura quilombola.

Segundo a Prolagos, a ideia de apoiar o projeto surgiu em 2020, em parceria com o Instituto Carlos Scliar, com o objetivo de fortalecer a identidade cultural das mulheres quilombolas e fomentar o empoderamento feminino através da produção artesanal. “O projeto incentiva a geração de renda por meio da comercialização das peças e está alinhado ao programa Respeito Dá o Tom, que promove igualdade e diversidade racial”, explica a concessionária.

A empresa afirma ainda que, desde o início, o projeto já impactou a vida de mais de 30 mulheres dos quilombos da Baía Formosa, em Búzios; da Caveira, em São Pedro da Aldeia; e de Maria Joaquina, em Cabo Frio. Reconhecendo a necessidade de capacitação contínua, a Prolagos pretende estabelecer novas parcerias para que essas mulheres tenham cada vez mais autonomia em seus negócios e remuneração justa.

“Acreditamos que apoiar o desenvolvimento cultural e econômico das comunidades tradicionais não só melhora a qualidade de vida, mas contribui para a saúde e a preservação do meio ambiente. Além de saneamento, nossa atuação visa fomentar a educação e a geração de renda nas comunidades onde atuamos, como os quilombolas e pescadores”, declara a empresa.

Projetos como “Somos Divas na Luz do Candeeiro” são fundamentais para preservar a história afro-brasileira e gerar oportunidades econômicas sustentáveis. A cerâmica, para essas mulheres, é muito mais do que arte; é um símbolo de resistência e identidade que atravessa gerações, moldado pelas mãos habilidosas das quilombolas de Baía Formosa.

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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