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Beth Fernandes é líder quilombola e porta voz da herança africana em Búzios | Foto: Arquivo pessoal

Mulher que lidera seu povo, guarda sua memória e propaga a cultura quilombola

Dando continuidade ao projeto “Mulheres que inspiram“, nova série da Prensa que vai homenagear mulheres ativistas na Costa do Sol, o especial de hoje mostrará a história de vida de Elizabeth Fernandes, do quilombo da Baía Formosa, importante nome na luta dos direitos quilombolas em Búzios.

Beth Fernandes, como é mais conhecida, nasceu e viveu uma parte da infância na Fazenda Porto Velho, na região da Baia Formosa, até ser expulsa com a família do local na década de 1970. Desde então, ela e seu povo não viam a hora de poder retornar ao lar. O que, agora, finalmente, está perto de acontecer, segundo Beth.

Essa conquista de poder retornar para casa aconteceu após Beth, em 2019, interromper uma reunião na Prefeitura de Búzios para reivindicar seus direitos. Tal iniciativa deu certo, e ela ainda contou com a presença do procurador do Ministério Público Federal (MPF) para escutar a sua história.

Depois disso, em comum acordo entre todas as partes, o atual proprietário do terreno, filho do fazendeiro que expulsou a família de Elizabeth, doou uma área de 800 mil metros quadrados para a comunidade quilombola. No entanto, o processo de oficializar a documentação da terra ainda ocorre e Beth acredita que fica pronto ainda esse mês.

“O documento já está pronto, agora só falta registrar no cartório. Mas o primeiro passo de tudo se dá mesmo quando sabemos o que queremos, porque quando sabemos a gente percorre o caminho para isso. É claro que nesse caminho vamos ter muitas dificuldades, mas não podemos desistir. Temos que lutar pelos objetivos”, reforçou ela, sobre a importância de ir atrás dos seus direitos.

Beth é uma grande inspiração e influência para as pessoas em Búzios | Foto: Arquivo pessoal

“Eu acho que eu querer saber da minha história, da minha raiz e da minha essência fez com que eu me tornasse essa influência para as pessoas. Eu sempre gostei de trabalhar com o povo, eu gosto de buscar uma coisa que eu acredito que é verdade, de ajudar as pessoas e de estar presente. Isso faz a diferença”, acredita.

Mas antes de ser uma inspiração para alguém, a própria Elizabeth tem as suas.

“Minha primeira inspiração acima de tudo é Deus, é Ele quem me influencia e me permite estar aqui. Além dele, dona Uia (outra grande líder quilombola que morreu em 2020 vítima da Covid-19) e Regiane (coordenadora da CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas). Elas são mulheres que estavam sempre aqui, explicando o que é o projeto, o que é o quilombo, sempre ajudando as pessoas. Quando eu tinha alguma dificuldade recorria a elas que sempre me ajudavam, então eu olho para elas e vejo minha inspiração, são minhas musas inspiradoras”, contou Beth.

Atualmente, Beth é condutora de visitantes no Parque Estadual da Costa do Sol, em Búzios. Ela apresenta locais do parque e conta as histórias do lugar.

Beth gosta de contar histórias de Búzios que muitas vezes são esquecidas pela população | Foto: Arquivo pessoal

“Tem muita coisa bonita dentro do parque estadual, que não é contada, então eu quis trabalhar com isso para mostrar para as pessoas e valorizar essas histórias. Aqui tem uma rota escravocrata, eu mostro por onde os escravos entravam. As pessoas costumam mostrar só as praia e a Rua das Pedras, e eu tô mostrando o mato, as plantas, as árvores”, finalizou.

Para tentar ajudar as mulheres quilombolas a ganharem uma renda extra, Beth propôs diversas oficinas que iniciarão nesta sexta-feira (12) e vão até o dia 10 de maio. O projeto social foi contemplado por edital do governo federal. Beth não para, “ainda é só o começo”, sempre repete.

A sede do quilombo Baia Formosa fica localizada na Estr. Álvaro Elidio Gonçalves, em Búzios | Foto: Arquivo pessoal

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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