Ela passou a vida se dedicando aos estudos de trabalho e gênero, mas foi ao chegar em uma plataforma que a petroleira percebeu que era necessário a luta pela equidade
Barbara Bezerra, de 42 anos, é natural de Natal, Rio Grande do Norte. Desde os 19 anos é formada em técnica de segurança e sempre atuou nessa área. Também cursou Ciências Sociais com licenciatura e bacharelado em Antropologia, em ela se dedicou à pesquisa de gênero e trabalho. Após a graduação, se dedicou ao mestrado sobre antropologia social, no qual também realizou um projeto de pesquisa de gênero e trabalho. Foi ao final do mestrado que ela foi chamada para realizar o concurso da Petrobras, mas não teve título. Há 15 anos ela conseguiu ingressar na empresa e já realizou diversos projetos pelo país.
Barbara passou por oito estados do Nordeste, da serra à floresta, mas foi em 2016 que chegou à Macaé, na Região dos Lagos, e se tornou petroleira trabalhando em plataforma marítima. Ela já havia percebido as dificuldades que mulheres passam nos locais de trabalho, mas chegando à plataforma percebeu que o problema era ainda maior. “Dos ambientes da Petrobras que eu trabalhei, foi aqui nas plataformas da Bacias de Campos que eu encontrei mais dificuldades”, comenta a petroleira.
Segundo ela, não há espaço para mulheres, além de falta de equipamento e de uniforme. Foi a partir disso que ela ingressou na luta pelos direitos trabalhistas e pela equidade. “Eu comecei a fazer uma campanha chamada “Por Mais Mulheres a Bordo” e em todas as plataformas que eu ia, eu convidava as mulheres para tirar uma foto juntas e ver quantas eram. Era um momento de descontração, a gente se arrumava, maquiava, mas íamos percebendo que éramos poucas. De cem pessoas na plataforma, havia apenas três mulheres a bordo”, explica.
Foi a partir daí que as petroleiras começaram a aderir a campanha e postar em redes sociais, apesar da iniciativa ter crescido fora do âmbito de trabalho, Barbara começou a perceber que no próprio local de trabalho esse crescimento não chegava. Ela recebeu um convite do Sindpetro-NF para se candidatar como diretora e, assim, nas eleições conquistou o cargo. O convite surgiu após ela ter publicado uma foto com outras mulheres no ato “Ele Não”, no qual, todos presentes na foto receberam advertência sendo alegado que elas tenham feito campanha política partidária.
Barbara se organiza diariamente para lutar pelos direitos dela e de outras mulheres que trabalham em uma plataforma. Uma liderança e representatividade para todas que vivem com pouco nos locais de trabalho. Ela inspira mulheres pela força e coragem de buscar a melhoria. Além disso, desde o início da pandemia ela também participa de campanhas como o “Petroleiro Solidário”, que realiza doações de cestas básicas e ações de gás a preço justo.
Por: Natalia Nabuco, estagiária sob supervisão da jornalista Monique Gonçalves.