A reportagem da Prensa de Babel acompanhou, nesta quinta-feira (27), a audiência pública que definiu os próximos passos das obras do Mirante do Pai Vitório, em Búzios. O encontro, convocado pelo Ministério Público Federal (MPF) na Escola Municipal Professora Cilea Maria Barreto, reuniu moradores, representantes das comunidades quilombolas e marisqueiras do Mangue das Pedras, além representantes de entidades civis e servidores municipais. O clima alternou momentos de cobrança mais dura e tentativas de conciliação.
Antes da audiência, o procurador da República Leandro Mitidieri visitou a área do mirante, onde as intervenções estavam suspensas por recomendação do próprio MPF. A vistoria contou também com a secretária municipal de Ambiente e Licenciamento, Roseli Pereira, e lideranças das comunidades tradicionais. A equipe avaliou o desenho geral da obra e esclareceu dúvidas acumuladas desde reuniões anteriores.
No encontro público, representantes das comunidades reiteraram preocupações já apresentadas em outros debates — impactos ambientais, uso turístico da área e a preservação histórica do território quilombola. Em alguns momentos, líderes e moradores interromperam falas do município, pedindo explicações mais claras sobre a obra. O MPF mediou as discussões e garantiu espaço para todas as posições.
Ao final das falas, Mitidieri afirmou que não encontrou motivo técnico para manter a suspensão e autorizou a retomada do projeto original. A única alteração aceita pelas partes diz respeito ao portal de entrada: o município deverá redesenhá-lo para evitar impacto visual, com revestimento em madeira, em acordo com recomendações do MPF e demandas da comunidade.
Segundo Roseli Pereira, os trabalhos devem ser retomados nas próximas semanas, após a anuência formal da comunidade quilombola especificamente sobre o novo portal. O MPF também determinou que a Secretaria de Ambiente elabore, em conjunto com as comunidades, um termo de entendimento que registre compromissos firmados na audiência. O documento será apresentado nos próximos dias.
A Prefeitura de Búzios afirma que manterá diálogo aberto e participação direta das comunidades tradicionais no acompanhamento das obras do mirante.
