*Rafael Alvarenga
O desastre que matou jogadores e membros da comissão técnica da Chapecoense-SC além de profissionais da imprensa e convidados do Clube impressionou a todos. O avião caiu na Colômbia, numa região montanhosa, no dia 29 de novembro. A equipe brasileira disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional-CO. Mas o desastre pôs fim ao campeonato continental sem bola e tampouco alegria.
Sem dúvida, o fato atinge diretamente a última rodada do Campeonato Brasileiro de futebol. Não há motivos para a ocorrência de tantos jogos no dia 11 de dezembro, exceto daqueles que ainda definem alguma coisa na tabela. É o caso de Atlético-PR, Botafogo, Corinthians, Vitória, Sport e Internacional. Equipes que lutam por uma vaga na Copa Libertadores ou para não serem rebaixadas para a 2ª Divisão.
Os jogos que não envolvem esses clubes não deveriam ser realizados. Se alguém comprou ingresso com antecedência que seja ressarcido. E que o futebol e a Chapecoense tenham tempo para recomeçarem em 2017.
Entretanto, creio que o maior obstáculo para a concretização dessa ideia é a grande mídia. Será que ela e seus mandatários se comoveram o suficiente – como dizem – para abrir mão do lucro com audiência e comerciais?
A grande mídia tantas vezes me parece um feroz abutre. E, desta vez, falam do trágico acidente porque devem informar, mas o fazem de uma maneira que esconde as mazelas políticas e econômicas que se desenrolam no país.
Afirmo que o acidente com a Chapecoense deve ser lembrado. No entanto jamais usado como cortina. Se a grande mídia é mesmo tão altruísta que rescinda contratos, que abra mão de audiências e comerciais e vote pelo fim de um campeonato que perdeu tantas vidas e tanto verde.
*Rafael é escritor e professor de filosofia.