Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, morreu neste domingo (24) aos 93 anos, no Rio de Janeiro. O cartunista estava internado havia três semanas no hospital Copa D’Or, tratando uma pneumonia.
Figura central da imprensa alternativa brasileira, Jaguar foi um dos criadores do Pasquim, fundado em 1969, em plena ditadura militar, ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral. O jornal virou referência de resistência ao regime por meio de humor, ironia e crítica política — ferramentas que o artista dominava com precisão.
Antes disso, Jaguar começou a desenhar profissionalmente em 1952, na revista Manchete, e consolidou seu nome na década de 1960 com passagens marcantes pela revista Senhor, além de colaborações na Pif-Paf, Última Hora, Revista da Semana, Civilização Brasileira e Tribuna da Imprensa.
O Perú Molhado
Entre os veículos com os quais contribuiu ao longo da vida está O Perú Molhado, jornal satírico fundado em Búzios, em 1982, por Marcelo Lartigue e Aníbal Fernando. Amigo dos fundadores, Jaguar assinou charges e ilustrações para diversas edições, incluindo capas comemorativas de aniversário da publicação.
O apelido que carregaria por toda a carreira surgiu de uma sugestão do também cartunista Borjalo, nos tempos em que Jaguar ainda era funcionário do Banco do Brasil. Incentivado por Sérgio Porto — o Stanislaw Ponte Preta — deixou o emprego para se dedicar ao humor.
Além dos traços, Jaguar também se expressou pela escrita. Lançou seu primeiro livro em 1968, Átila, Você é Bárbaro, em que usou a sátira como arma contra a violência e o preconceito.
Jaguar deixa uma obra que atravessa décadas e mantém atual a arte de fazer rir — e pensar — mesmo nos tempos mais duros.