Há exatos 1.826 dias, perguntas atormentam e provocam angústia em familiares, amigos, além de militantes e entidades de defesa dos direitos humanos que se alinham às causas defendidas pela ex-vereadora carioca Marielle Franco, morta a tiros juntamente com o motorista Anderson Gomes, em uma rua do bairro do Estácio, na Zona Norte do Rio, na noite do dia 14 de março de 2018. As motivações para o crime e, sobretudo, a mando de quem ele foi executado, são questionamentos sem respostas até hoje, data em que o assassinato da parlamentar completa cinco anos.
Desde então, cinco delegados da Polícia Civil do Rio de Janeiro e três equipes de promotores do Ministério Público Estadual envolveram-se no inquérito que, no entanto, pouco teve progressos, na esteira de acusações de obstrução e interferência externa nas investigações. A única consequência concreta do trabalho das autoridades ocorreu em março de 2019, um ano após o crime, com as prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa e do motorista e também ex-PM Élcio de Queiroz, apontado como os executores do atentado. Ambos continuam presos, mas até agora não forma julgados.
Nos últimos meses, o sentimento de estagnação das pessoas próximas a Marielle e Anderson, bem como o de boa parte da sociedade deu lugar à expectativa de que o caso fique mais próximo do esclarecimento. Em fevereiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal abrisse um inquérito paralelo ao que já existe da polícia fluminense.
Por parte do Ministério Público Estadual, o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, retomou há cerca de dez dias uma força-tarefa de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se manifestou pelas redes sociais para falar sobre o novo momento das investigações do crime.
“(São) 5 anos de saudade, de luta, de busca por justiça sobre um crime político, que ecoou mundo afora, de uma mulher negra, mãe, bissexual, defensora dos direitos humanos, que foi brutalmente assassinada com 5 tiros na cabeça saindo do seu exercício político. De 2018, nós agimos para acompanhar e cobrar as investigações. Em 5 anos, essa é a primeira vez que o governo está realmente comprometido com justiça pelo caso. Esse é um governo que está trabalhando pela justiça, com o presidente, o Ministro da Justiça, a Ministra da Igualdade Racial e tantos outros ministérios comprometidos com isso. Como irmã de Marielle, filha de Marinete, me dói muito ter que enfrentar ainda fake news e discurso de ódio contra minha irmã, me dói ter que falar sobre justiça depois de tanto tempo, mas continuaremos fazendo isso até conseguirmos solucionar este caso. É por ela, por minha família, mas também por todo o país”, publicou.
Nesta terça (14), outros políticos se manifestaram pela data, cobrando soluções para o caso. Em Cabo Frio, o PSOL local organizou um ato de mulheres para fazer uma homenagem a Marielle e fazer uma colagem na Praça Porto Rocha, a partir das 18h.