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Por Sandro Peixoto

O acidente que vitimou 71 pessoas, entre elas a equipe inteira da Chapecoense e vários jornalistas brasileiros (sem contar parte da tripulação da empresa de aviação, inclusive o piloto, dono da empresa e até o que se sabe, responsável mor pela tragédia) mexeu com o mundo. Aviões caem por diversos motivos. E em geral muita gente morre nesses casos. O motivo que faz o caso da Chapecoense se diferenciar dos demais é que atletas são vistos como estrelas e equipes esportivas como famílias. Morreu uma grande família. Com raízes mundiais, pois praticavam um esporte mundial. A comoção então é mundial.

A morte, apesar de se um fato intrínseco a vida, nunca foi ou será bem recebida por  ninguém. Foi o compositor Toquinho quem escreveu que a gente mal nasce, começa a morrer. Não querer morrer é estúpido. Sonhar com vida eterna é infantilidade. Imagine a possibilidade de não se morrer: quando pararíamos de envelhecer? Aos dois anos? Aos 20, 30, 60, 90? Não morrer significa não nascer. A morte, no entanto é sempre uma tragédia. E quando vitima jovens promissores, ou quando acontece por falta de responsabilidade, como foi o caso em questão, o sentimento de dor é sempre maior.

O mundo está de luto, como provou o povo da Colômbia, que nada tinha a ver com o time da Chapecoense e mesmo assim, sofreu de maneira impressionante. As homenagens do povo colombiano a tragédia brasileira será um marco na historia da humanidade. O luto é um sentimento necessário para se assimilar uma perda. Não somente humana, de parentes, amigos ou conhecido. Existe luto pela perda do emprego, por exemplo. Ou de um animal de estimação. A psiquiatra  suíça Elisabeth Kubler-Ross definiu o sentimento do luto após a morte em 5 estágios: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

 

caixoes-sao-colocados-em-carros-abertos-que-os-levarao-ate-a-arena-conda-1480770231734_615x300A fase de negação seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema. Ele tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade. Não quer assimilar a perda. É comum a pessoa não querer falar sobre o assunto. Na fase da raiva, o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçado e não se conforma por estar passando por aquilo. Então vem a barganha. Fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”

Então bate a depressão que é quando a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação. A aceitação demora um pouco mais. É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.

Por mais que possa doer, a vida vai continuar apos o sepultamento das vitimas. Teremos jogos de futebol, voos fretados, alegrias e tristezas. Alguém escreveu um dia um dia que a morte cria um sentido para nossa vida. Mais importante que isso: a morte cria um valor especial para o tempo. Se o nosso tempo nessa terra fosse indeterminado, a própria vida perderia o sentido e muito provavelmente ainda estaríamos com a bunda de fora e de lanças nas mãos.  A morte é o agente mais poderoso da natureza. Ela vem para levar o velho e abrir espaço para o novo. Nosso esforço para evitá-la e fazer de nossa curta estada na terra algo minimamente memorável é o que realmente nos motiva.

Ou seja, só existe a vida porque existe a morte. É a morte que dá dignidade a vida. Por mais estranho que isso possa parecer

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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