População ajuda na barreira sanitária para identificação de quem tem casa no distrito e conseguem manter zero casos de Covid-19 na localidade mais famosa da serra macaense
O distrito do Sana, em Macaé, é cercado de lindas cachoeiras e belezas naturais que o torna atrativo para muitos visitantes. Mas em tempos de covid-19 a barreira sanitária foi a forma encontrada pelos moradores para conter o avanço do vírus. Nesta quarta-feira (29) o isolamento do distrito atinge a marca dos 41 dias e sem nenhum caso pessoas infectadas por coronavírus. O bloqueio no portal foi um pedido das Associações de Moradores do Sana e da Cabeceira do Sana junto com o grupo Grito da Mata.
Segundo o líder do Grito da Mata, Edson Ricardo de Araújo, mais conhecido como Bola, de toda serra macaense, o Sana e o que mais recebe turismo e cerca de 98 por cento passa pelo portal. Percebendo a gravidade da pandemia, os grupos se juntaram para pedir ao governo municipal a instalação de uma barreira e foram atendidos de imediato por meio do decreto 038/20.
“Como os guardas municipais não são moradores do Sana, nós nos colocamos à disposição para ajudar na identificação dos moradores. Exigimos das pessoas que tem casa própria ou alugada no distrito, mas que só vão nos fins de semana, comprovante de compra e venda, conta de luz, água, documentos que justifiquem a entrada. Além das associações e do grupo Grito da Mata, moradores se prontificaram a ajudar”, explicou.
Ainda segundo Bola, o comércio segue fechado, respeitado os decretos, com funcionamento somente dos serviços essenciais mercado, farmácia, e loja de material de construção, liberada recentemente com algumas ressalvas quanto aos horários permitidos. Os restaurantes e lanchonetes seguem trabalhando com delivery.
Linha de ônibus suspensa
Na terça-feira (28), um ônibus que fazia a linha Sana x Frade teve a circulação suspensa a pedido desse grupo que cuida do portal. De acordo com Bola, eles tiveram medo de que pessoas pudessem usar o ônibus para furar a barreira, porque no Frade não tem bloqueio. “Nós estamos isolados, mas seguros”, pontou.
Claudia Guerhard Schotte é presidente da Associação de Moradores da Cabeceira do Sana disse que alguns turistas entendem o fechamento do local e outros não.
“A todo o momento mantivemos a calma e a educação para lidar com eles (turistas). Sabemos que todos estão passando por um momento difícil e que o local (Sana) traz de fato uma tranquilidade para as pessoas, mas deixamos claro que esse não é o momento. Temos que estar ciente que a quarentena foi feita para diminuir a pandemia. Não é nada agradável manter a quarentena, mas sei que devemos fazer isso no momento para o bem de todos”, ressaltou.
A presidente da Associação de Moradores do Sana, Carine Lima, também é coordenadora administrativa da unidade de emergência diz com orgulho que o distrito não teve nenhum caso de coronavírus e atribui as ações e esforços coletivos dos moradores do distrito.
“Falo em zero casos com propriedade e muita alegria! Esse trabalho em conjunto está sendo muito benéfico à comunidade, pois só a Guarda Civil no bloqueio iria prejudicar os moradores, pois a maioria não tem comprovante de residência. Manter a quarentena representa saúde e saúde é vida!”, destacou.
Juntas a Associações de Moradores do Sana e da Cabeceira do Sana, o grupo Grito da Mata e equipe de saúde distribuíram 90 cestas básicas para famílias do distrito. “Formamos uma rede solidária de apoio as famílias carentes. Sana sobrevive de turismo, com as pousadas, comércio, cachoeira e portal fechados muitas pessoas ficaram sem trabalho e sem ter como comprar comida. Temos um povo acolhedor e solidário”, comento Carine. Quem quiser doar pode deixar o alimento ou cesta pronta no portal.