O município de Maricá recebeu na segunda-feira (29) representantes da da ICLEI América do Sul, Associação mundial dedicada ao desenvolvimento sustentável, que vieram conhecer os modelos de segurança alimentar de Maricá – a Praça Agroecológica de Araçatiba e Fábrica de Desidratados, aplicadas na cidade e que serão apresentadas na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, que acontecerá em novembro, no Egito.

Maricá foi uma das dez cidades do mundo selecionadas para participar do projeto “Diálogos Multissetoriais sobre Sistemas Alimentares Urbanos no Sul Global (África e América Latina)”. O secretário de Agricultura, Julio Carolino, falou da expectativa em apresentar para o mundo os projetos de agricultura de Maricá.

“Em 1992, eu acompanhei a conferência do clima que aconteceu no Rio de Janeiro, a Eco-92, quando eu ainda era criança e nunca imaginei participar desse evento. É um combo de ansiedade e felicidade”, disse.

Ao conhecer a Praça Agroecológica, o secretário executivo da organização, Rodrigo Perpétuo, enalteceu o trabalho realizado pela Prefeitura com relação ao cultivo e a produção de alimentos sem agrotóxicos.

“É uma experiência visual e sensorial e um trabalho de educação agroecológica que estimula a população para a mudança de hábitos alimentares e a interação de como produzir o alimento. É uma experiência que faz a diferença para motivar, especialmente os mais jovens, a experimentar alimentos com os quais muitas vezes eles não estão tendo acesso em função da invasão de processados. Esse trabalho da praça já ganhou Maricá e certamente ganhará esse Brasil”, ressaltou. 

Maricá na COP27

O município apresentará na COP27 os 12 programas de segurança alimentar de Maricá:

Praças Agroecológicas: cria espaços em praças públicas e outras áreas de lazer e os transforma em hortas agroecológicas.

Fábrica Municipal de Desidratados: utiliza a técnica da desidratação para elevar o valor comercial e aumentar o prazo de validade de produtos como a banana nanica e o aipim.

Caminhão do Peixe: oferece à população de baixa renda opções de peixes com preços abaixo do mercado.

Maricá Inova Agroecologia: programa de desenvolvimento científico e tecnológico para aplicação de técnicas inovadoras.

Restaurante Popular Mauro Alemão: serve diariamente, a preços simbólicos, para beneficiar a população de baixa renda, refeições balanceadas e de qualidade, preparadas por nutricionistas.

Mercado Municipal Pedro Paulo Pereira: ponto de venda de produtos de pequenos agricultores do município.

Apicultura: serviço que recolhe enxames de abelhas em residências ou no comércio. Elas são levadas à Fazenda Pública para a produção de mel, distribuído como alimento em escolas municipais.

Serviço de Inspeção Municipal (Selo de Inspeção Municipal): programa de certificação de produtores para controle de qualidade.

Feira da Agricultura Familiar: encontro promovido pela Prefeitura para exposição e venda de produtos agrícolas orgânicos.

Horta Comunitária Manu Manuela: transforma áreas antes improdutivas em espaços para cultivo da agroecologia.

Baldinhos do Bem: distribuição de cinco mil baldes a moradores para que guardem sobras de matéria orgânica.

Maricá um Pomar: plantação em ruas, parques e praças públicas de mudas de árvores frutíferas.

O ICLEI

O ICLEI é uma rede global de mais de 2.500 governos locais e regionais comprometida com o desenvolvimento urbano sustentável baseado na natureza e resiliência. Ativo em 130 países, a rede possui equipe de especialistas que oferece acesso, conhecimento, capacitações para gerar mudanças sistêmicas em prol da sustentabilidade urbana.

O Iclei foi fundado em 1990 por 200 governos locais de 43 países, que se reuniram no primeiro Congresso Mundial de Governos Locais por um Futuro Sustentável na sede das Nações Unidas em Nova York. Nossas operações começaram em 1991, no Secretariado Mundial em Toronto, Canadá. Os primeiros programas globais foram a Agenda 21 Local, um programa de promoção da governança participativa e planejamento do desenvolvimento sustentável local, e o Cidades pela Proteção do Clima.

Praça Agroecológica como laboratório universitário

A estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, Thainá Braga, de 25 anos, escolheu Maricá para escrever a tese de seu trabalho de conclusão de curso. Com o tema da agroecologia inserida na política pública, a jovem tem concentrado seu estudo de caso na Praça Agroecológica.

“O que me chamou a atenção, que é muito difícil de se ver no meio de um centro urbano, é ter essa disponibilidade de canteiros de hortas voltados para agroecologia e a ação da gestão de Maricá em prol da sustentabilidade e da soberania alimentar. Acho que as experiências do município são muito válidas e podem inspirar outras cidades. Essa troca de saberes é muito importante e é isso que busco aprender com Maricá”, destacou.

“Meu sentimento é que estamos alcançando o nosso objetivo. Quando eu recebo uma aluna de Ciências Sociais de uma universidade renomada no país, significa que estamos fazendo o social acontecer na cidade e virando referência. Já temos referência no Vermelhinho, na moeda social Mumbuca e agora somos referência na segurança alimentar do nosso município. Fico muito feliz e emocionado”, disse Julio Carolino.