Na última terça-feira (23) dois macacos da espécie mico-leão-dourado foram encontrados mortos a pauladas na região da BR-101 em Silva Jardim. Os corpos dos animais foram levados para o Laboratório de Saúde Pública da Vigilância Sanitária do Município do Rio, onde são encaminhados são encaminhados os cadáveres de macacos mortos em todo o Estado.
No local foi apurado que os micos apresentavam lesões características de agressões. Os micos leões dourados são primatas endêmicos do Brasil e correm risco de extinção. Eles são listados como espécie em perigo tanto pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) quanto pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Existem apenas cerca de 3.200 indivíduos em liberdade, graças a inúmeros esforços na conservação e reprodução da espécie. O mico-leão-dourado é uma espécie bandeira na conservação da Mata Atlântica brasileira.
O secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, Luis Paulo Ferraz, explica que não há sinais aparentes de febre amarela nos animais mortos. Porém, os micos foram entregues à Autopista Fluminense, a concessionária que administra a rodovia, que os encaminharia para testes.
Ferraz afirma que a associação acompanha com preocupação a entrada na febre amarela no Estado do Rio, uma ameaça em potencial aos raros e a ameaçados micos-leões-dourados. Mas explica que não há nos animais mortos na rodovia sinais da doença.
Outros casos
Equipes da associação e de agentes de vigilância sanitária têm feito monitoramento na Reserva Biológica de Poço das Antas, o santuário dos micos em Silva Jardim, em busca de animais doentes. Mas nada foi ainda encontrado. A maior preocupação é a vizinhança com Casimiro de Abreu, onde há três casos confirmados em seres humanos.
Além disso, um bugio, a espécie de macaco mais vulnerável à febre amarela, foi encontrado morto na semana passada, numa estrada num assentamento de reforma agrária próximo da reserva.
Outros dois bugios mortos foram encontrados na Reserva Biológica União, em Rocha Leão, em Rio das Ostras, na mesma região.
“Esses animais foram encontrados há três semanas e até agora não sabemos o resultado dos exames. Isso sim causa enorme apreensão. Os exames estão demorando muito para ficar prontos”, comentou Ferraz.
Macacos não transmitem febre amarela
Os macacos são sentinelas, biomarcadores da presença do vírus da febre amarela na região que habitam. Quando macacos morrem pela doença, as autoridades de saúde conseguem acionar protocolos de resposta (isolamento da área, vacinação da população, etc) que evitam a expansão do vírus entre humanos. Os macacos também são tão vítimas da doença e dos mosquitos quanto os seres humanos.
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