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SP - PROTESTO/MULHERES/SP - GERAL - Coletivos e movimentos de mulheres protestam pelos direitos da mulher e contra o Projeto de Lei 5.069, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, em São Paulo, nesta sexta-feira. A proposta, de autoria do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), torna crime instigar, induzir ou auxiliar uma gestante a abortar. 29/10/2015 - Foto: CRIS FAGA/FOX PRESS PHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Essa frase se popularizou a algum tempo graças a militância do movimento feminista. E movimento feminista, para quem não sabe, nada tem a ver com ódio aos homens, dar o troco, as mulheres quererem mandar nos homens, competir com os homens, humilhar os mesmos ou coisas do tipo. O que nós queremos é igualdade jurídica, econômica, social e principalmente respeito. Queremos dividir a conta e também o trabalho doméstico. Feminismo prega e preza pelo respeito as mulheres.

A palavra feminismo caiu no vocabulário dos ignorantes como um novo xingamento. As pessoas, homens e mulheres, usam essa palavra como se ela fosse uma ofensa. Já ouvi muitas mulheres por aí se defendendo dizendo que eram “femininas e não feministas” só publicizando a ignorância e desconhecimento das mesmas sobre o termo.

Só para não deixar dúvidas, as várias correntes do feminismo não pregam o abandono da estética, elas fazem críticas e reflexões sobre as imposições de determinadas estéticas sobre as mulheres. Dado as especificidades do feminino não cabe mais falar de movimento feminista no singular, haja vista as várias demandas de classe, cor e gênero existentes.

Ser feminista é não querer aceitar os papéis engessados que a nossa sociedade determinou ao longo do tempo para nós mulheres, papéis subalternos que enclausuravam as mulheres no interior de seus lares e a disposição dos homens, ou seja, para lavar passar, servir e parir. E as mesmas não puderam durante muito tempo estudar e ter uma carreira.

Ser feminista é defender a igualdade de direitos entre homens e mulheres como propõe a Chimamanda Ngozi Adichie, em seu belo livrinho: “Sejamos todos feministas!” Porque ser feminista não é só para as mulheres. Os homens precisam também pensar nessa nova perspectiva justamente para não termos mais notícias como a da motorista de aplicativo que foi estuprada por um cliente, a da turista de Arraial do Cabo que saiu para fazer uma trilha e foi estuprada e morta ou da adolescente que pegou uma carona e foi estuprada e morta.

Esses indivíduos cometeram crimes bárbaros de violar a propriedade mais sagrada que uma pessoa tem, que é o corpo. É lamentável termos que ler notícias como essas com tanta frequência. Frequência tão alta que as pessoas parecem ter se acostumado a tais crimes e nem reagem mais aos fatos. Isso falando de casos que ganham a grande mídia, sem contar a menina pobre que é estuprada no caminho para escola e fica calada com medo e muitas vezes sentindo-se até culpada pelo ocorrido. É triste uma mulher não ter a segurança de trabalhar, estudar, passear como ela quiser, porque corre o risco de ser estuprada.

Homem nenhum sai de casa com medo de ter seu corpo vilipendiado, invadido e usado. Nós mulheres estamos longe de poder ter liberdade e segurança de fazermos o que quisermos, porque nossos corpos são considerados “públicos”. Ou seja, não somos respeitadas. E o pior de tudo que sempre ouvimos justificativas, a culpa sempre recai na roupa, no horário, no local e nunca no estuprador. A vítima nunca tem razão.

E o corpo feminino é local de disputas, manipulações e controle. Infelizmente enquanto o modus operandi de nossa sociedade estiver pautado no machismo e no patriarcalismo não estaremos seguras nem mesmo em nossas próprias casas. Pois, segundo dados da Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, em 2018, com base na Lei Maria da Penha, mais da metade dos casos de lesão corporal dolosa – 65, 5% e 60, 7% de ameaças ocorreram dentro de casa, ou seja, violência doméstica.

O mesmo Dossiê nos traz os tristes números da violência contra mulher no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2018, mostrando o quanto o feminismo é mais do que necessário para mudarmos essas estatísticas. Somos as maiores vítimas do crime de estupro (84,7%), ameaças (67,6%), lesão corporal dolosa (65,5%), assédio sexual (97,7%) e importunação ofensiva ao pudor (92,1%). O dossiê acrescenta que grande parte desses crimes são cometidos por pessoas próximas, ou seja, homens com algum grau de proximidade com as vítimas.

Precisamos muito discutir na escola, no café da manhã no almoço e na roda do bar sobre respeito as mulheres. Não podemos aceitar termos nossa liberdade tolhida, ou seja, nosso direito básico de ir e vir não exercido em uma sociedade machista como a nossa. Precisamos olhar para essa realidade e aceitarmos que temos um problema de gênero a ser resolvido. Precisamos romper com a lógica machista e poder viver a frase: Meu corpo minhas regras!

*Renata Souza é Bacharel em Sociologia e Mestra em Sociologia Política

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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