Uma ofensiva de magnitude histórica foi deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta terça-feira (21), sob o codinome “Rota do Rio”, visando desbaratar uma intrincada rede criminosa que alimentava o tráfico de drogas na capital fluminense e em localidades como Búzios e Cabo Frio, estendendo-se até estados como Amazonas, Minas Gerais e Pará. A teia, enraizada no Comando Vermelho, injetava anualmente cerca de R$ 30 milhões provenientes da venda de entorpecentes em favelas e em áreas nobres do Rio de Janeiro, como Ipanema, Copacabana e Barra da Tijuca.
Após uma investigação exaustiva que se estendeu por dois anos, as autoridades revelaram que as drogas abastecendo essa organização criminosa tinham origem na região de fronteira do Amazonas, sendo então distribuídas para pontos de venda em favelas e regiões mais abastadas do Rio de Janeiro. Para dissimular a proveniência do dinheiro obtido pelo tráfico, o bando empregava um sofisticado esquema de pagamentos pulverizados a diversos intermediários, entre ‘laranjas’ e empresas, entre elas um frigorífico, que seria de propriedade do ex-prefeito da cidade de Anamã, no interior do estado do Amazonas.
A investida policial, que contempla 113 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais associados à facção, tinha como alvo até mesmo uma pousada de luxo em Búzios, além de imóveis de alto padrão em Cabo Frio. Em uma incursão na comunidade do Morro dos Prazeres, no Rio, Juan Roberto Figueira da Silva, o “Cocão”, foi capturado. Ele é tido como o líder do tráfico local e responsável por uma onda de roubos na Barra da Tijuca e Zona Sul da cidade.
Segundo a Polícia Civil, através da apreensão de bens e confirmação de evidências, a operação almeja enfraquecer consideravelmente o poder de atuação do Comando Vermelho, desarticulando uma das principais vias de abastecimento de drogas no Rio de Janeiro. A operação continua em curso, e novas detenções e apreensões não estão descartadas. Esta ação representa uma colaboração entre as equipes da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), com o respaldo da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da Polícia Civil do Amazonas.