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Vereador Marielle Franco do PSOl morta a tiros junto com o motorista na noites desta quarta-feira(14)

Muitas coisas a se dizer sobre uma execução sumária de uma pessoa pública. Uma mulher preta, de comunidade, a vereadora mais votada de uma cidade que é vitrine de um País carcomido e criminoso. Muitas falaram e sendo alguém que luta, o que aconteceu não é algo em vão.

Em um país de origem escravocrata, de pensamento colonial, o corpo preto é alvo desde sempre. É a ameça que precisa ser contida, controlada, eliminada conforme o grau de ameaça e o sadismo daqueles que controlam a máquina.

O corpo-alvo preto tem a possibilidade de se tornar corpo-arma que é justamente o questionamento e o enfrentamento a contenção, ao controle e a eliminação. Corpos-armas estão por aí, fazendo e criando condições pra possíveis rupturas. Todo país de origem escravocrata vai ter um modus operandi racista e haverá a resistência.

O sistema, dentro de uma dinâmica, sempre se apoiou com a violência pra se manter, e nas modalidades de violência diversas, existe a morte pelo exemplo. Escolher uma liderança, dentro de possíveis sinais que ela passa pro meio, social e matá-la. A morte dela é pra causar medo e não ter mais movimentações no nível que o alvo puxava.

Prática comum no Brasil, prática comum no Rio, sendo o Estado cabeça nessa ideia, cometendo atrocidades em nome de uma suposta ordem. Se ele não assume diretamente, dá condições para que isso aconteça, os assassinos ficarem impunes e o medo ser mola mestra para continuidade de intervenções nocivas ao coletivo.

Marielle Franco foi a bola da vez. O assassinato dela, a priori, é pra trazer medo àqueles que lutam, àqueles que questionam profundamente o direcionamento político de corpos pretos a revelia de qualquer direito básico. Mataram a Marielle pra nos fazer calar, nos deixar em silêncio.

Só que Marielle se torna um símbolo de uma pedagogia de enfrentamento onde precisamos encarar o fato de sendo corpo-alvo ou corpo-arma, a bala está apontada pra nós, pronta pra perfurar nossa carne. E diante desse entendimento é assumir as consequências e se assumir arma contra essa estrutura opressora.

Marielle é nossa luz pra mostrar que a omissão não nos faz avançar, que aja o que houver, não podemos cessar, não podemos deixar o medo e o desânimo tomar conta de nossas almas e de que lutar é válido e se formos pra cair, cairemos nobremente, esmagados contra os muros, mas lutando sempre.

A morte pode ser sinônimo de uma imortalidade coletiva capaz de ser força motriz pra uma grande existência. Nossa grande existência está em derrubar a lógica que nos controla, nos encarcera, nos vigia, nos extermina. Marielle é essa força motriz.

Luz que nos guiará pra um horizonte onde esses putos irão cair…

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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