Dentre os matizes que compõem Búzios, Marcos Sodré, emerge como uma figura multifacetada, trazendo consigo sua experiência como professor de história, guarda municipal e cristão evangélico. Também é poeta e criador do hino oficial do município. No entanto, seu papel recente como vereador (é segundo suplente e assumiu a vaga há apenas cinco meses com a saída do vereador Niltinho de Beloca para chefiar a Secretaria do Idoso, é autor de 36 proposições na Câmara. Casado e pai de três filhos, é “cria do Mangue” (como era chamado o centro de Búzios), filho de Zeni e neto de Dona Zinha. Demonstra orgulho em mencionar sua criação no centro da cidade, cercado pelas histórias do “Mangue”, e também o histórico de sua vida adulta no bairro Cem Braças. Mas defende que essa conexão não o limita como um “representante de bairro”. Acredita que isso, de certa forma, contrabalançado por sua visão mais “abrangente”, o torna alguém que “representa a cidade inteira”, especialmente considerando os “203 votos pulverizados” que o elegeram.
Sua ligação com a guarda-municipal e sua incursão na política são sintomas de um desejo de representatividade para a corporação em todos os níveis políticos. Parece estar ciente disso, no entanto, reivindica representar a “segurança pública” como um todo, expandindo a obrigação da constituição estadual para assegurar a segurança municipal. Mas, confirma que “os guardas o veem como um representante”, revelando uma base que pode se manter para as próximas eleições. Nesse viés da “segurança pública” cita a indicação que fez, acatada pelo Poder Executivo, da patrulha escolar, uma ronda da guarda municipal exclusiva para a proteção dos estudantes do município.
Inova com projetos de lei que o colocam em um posicionamento mais progressista, como um pré-natal masculino que valoriza a saúde de pais e bebês, e a garantia da presença de doulas no processo de parto, solidificando seu compromisso com a saúde familiar. Indo da saúde à educação, tem um projeto de orientação vocacional nas escolas, no início e no fim do ensino médio, que vai além de um teste, orientando jovens para uma carreira a partir de suas próprias aspirações. No entanto, a promessa de ir além dos testes padrão e fornecer orientação individualizada pode encontrar desafios práticos na implementação, especialmente considerando a diversidade de aspirações e trajetórias dos alunos. Não demonstra estar preocupado, entusiasmado, acredita que conseguirá que lei seja aprovada e vigore.
Inova com a proposta de um “Dia Municipal do Buziano Estrangeiro”, com o objetivo de celebrar as diversas nacionalidades que contribuem para o enriquecimento cultural da cidade. Uma sensibilidade que ecoa em seu próprio hino, onde ele declara: “somos todos buzianos vindos de patrias mil”. Diante do questionamento se sua proposta corre o risco de ser apenas mais uma data simbólica que se perderá entre tantas outras, defende que “a partir do dia 25 de maio como referência, por ser o Dia da Pátria Argentina, a maior comunidade estrangeira em Búzios, se forma uma celebração da Semana do Buziano Estrangeiro, onde a cada ano uma nacionalidade presente no município é homenageada. Gerando assim a criação de um festival sociocultural de valor educacional, de celebração da diversidade e combate a xenofonia, e também que gerará mais um atrativo turístico econômico no calendário”.
Sodré traz sua crítica construtiva também para a saúde pública, reconhecendo que está entre as melhores da baixada litorânea e até de outras regiões. No entanto, sugere que ainda há margem para melhorias. Celebra a mudança na coordenação da Saúde Mental no município, onde já enxerga progresso, mas alerta para a quantidade crescente de diagnósticos de pessoas em situação de sofrimento mental, ” que precisará de mais esforço para suprir essa demanda em rápida expansão”. Na educação reconhece, e até parabeniza, o atual secretário pelas mudanças nos processos de atuação nas escolas, “com atividades extracurriculares para além da sala de aula”. Mas defende que como vereador também é crítico. “O kit escolar entregue aos alunos é maravilhoso, meu filho mesmo recebeu. Nunca antes se viu isso em Búzios. Mas chegou para depois do meio do ano, era para ser lá no começo. Vamos reconhecendo e cobrando”.
Em uma análise geral Sodré está na Câmara já com o status de figura pública, seja por sua atuação ativa na Guarda Municipal, seja como poeta ativista da cultura que fez o hino municipal. Mas seu papel como representante no Legislativo parece ser uma interseção complexa de diversas identidades e responsabilidades, que o tempo, curto, pela frente é crucial para provar à sociedade o valor de suas proposições diversificadas.